domingo, 20 de setembro de 2009

Vida e Obra de Martin Luther

Autor: Pastor Arno Dreher (In Memoriam)

MARTIN LUTHER
O intérprete do Evangelho

Sumário:

1 - O ANSEIO DOS SÉCULOS
2 - O ESTUDANTE
3 - O MONGE
4 - O PROFESSOR DE TEOLOGIA
5 - O REFORMADOR DA IGREJA

1517: As 95 Teses
1520: Três livros fundamentais
1521: Worms
1521 - 1522: Wartburg
1525: A guerra dos camponeses e O casamento de Luther
1529 - 15301546: Os Catecismo - A confissão de Augsburg
1546: A morte de Martin Luther

6 - DADOS CRONOLÓGICOS DA ÉPOCA DA REFORMA

1 - O ANSEIO DOS SÉCULOS

Em todos os países da Europa, na Idade Média, os cristãos ansiavam por uma renovação da vida cristã, por uma "reforma da Igreja na cabeça e nos membros". Não havia dúvida de que a renovação deveria estender-se desde o Papa até o mais humilde padre e sacristão, pois graves males e erros grosseiros haviam-se alojado na Igreja; e, quanto mais altos os dignitários da Igreja, tanto mais responsabilidade deveriam ter; mas todos consentiram na corrupção.

Os movimentos da Renascença e do Humanismo, que marcaram o início da Idade Nova, souberam muito bem criticar a situação escandalosa da Igreja sob os papas de Roma; mas a sua crítica era negativa, demolidora somente. E o que convinha à renovação da Igreja, era uma crítica construtiva, positiva.

Cedo surgiu um movimento renovador, no sul da França. Pedro Valdus, pregador da penitência em Lyon por volta de 1176, a exemplo de Francisco de Assis, pregava a pobreza e sinceridade na vida cristã. Seus adeptos eram conhecidos sob o nome de "os pobres de Lyon". O movimento valdense propagou-se no sul da França, no norte da Itália e na Alemanha. Na Itália ainda hoje existe a Igreja Valdense; na Alemanha, em geral, os valdenses aderiam à reforma luterana, ao passo que na França foram extintos totalmente.

Na Inglaterra foi John Wycliff, descendente da nobreza anglo-saxônica e professor de Teologia em Oxford, que, já idoso, se levantou contra as pretensões imperialistas do Papa. Calcula-se que, no século 14, a Igreja Romana possuía 2/3 partes de terras e latifúndios na maioria dos condados da Inglaterra. Assim Wycliff tornou-se, ao mesmo tempo, campeão das reivindicações nacionais.

Mas o seu verdadeiro objetivo era outro; e o seu melhor trabalho, ele o dedicou à obra do Evangelho. Traduziu a Bíblia para o inglês. Sustentou muitas das doutrinas que Martin Luther defenderia mais tarde, assim por exemplo, a Bíblia como única diretriz da doutrina. E combateu os erros e abusos mais graves da Igreja do Papa: o sistema hierárquico, a transubstanciação, o celibato etc. Faleceu em 1834 em Lutterworth; seus adeptos, os "Lollardos", não existem mais.

Na Checoslováquia, o padre e professor da Universidade de Praga, João Huss, conheceu as doutrinas de Wiclif e as adotou, passando a propagá-las entre seus estudantes. Em conseqüência, Huss foi excomungado da Igreja em 1411; e, pelo concílio eclesiástico de Constança, na Suíça, ele foi condenado à fogueira como heresiarca (chefe de hereges). Foi queimado vivo no dia 6 de julho de 1415. Os sobreviventes dos seus adeptos, os hussitas, mais tarde formaram uma irmandade sob o nome de "Irmãos Moravianos", da qual ainda hoje existem os ramos na Alemanha e em outros países.

Por diversos motivos as repetidas iniciativas para uma reforma da Igreja fracassaram. Um grande desespero apoderava-se dos crentes sinceros que tanto ansiavam por uma Igreja verdadeira e pura. Mas o campo da cristandade era qual a terra sem chuva: as almas aflitas e sedentas de paz e consolo anelavam por uma mudança. Mas só Deus sabia a hora e o meio para a renovação.

2 - O ESTUDANTE

Ao mesmo tempo que descobridores destemidos e aventureiros se faziam aos mares ignotos à busca de novos caminhos e novas terras, já o estudante e logo monge, Martin Luther, se entregava ao estudo, em busca da verdade de Deus.

Tais são as relações existentes entre a nossa Pátria, o Brasil, e a nossa Igreja Evangélica Luterana:

Exatamente 17 anos antes do descobrimento do Brasil, nasceu o Reformador Martin Luther, a 10 de Novembro de 1483, na vila de Eisleben, na Alemanha central. E, exatamente 17 anos depois do descobrimento do Brasil, em 31 de Outubro de 1517, iniciou-se o movimento que tinha por objetivo uma Reforma Geral da Igreja Cristã.

Martin Luther nasceu em ambiente humilde. Descendente de camponeses, seu pai, Hans Luther, casado com Margarethe, nascida Ziegler, trabalhava como mineiro, para sustentar a família com sete filhos, dos quais Martin era o segundo. Não possuindo bens e legar aos filhos, Hans Luther tratou de proporcionar-lhes bom estudo para a vida. Depois de ter achado melhores meios de subsistência em Mansfeld, pode ele cogitar em mandar Martin à Universidade, para se formar em direito. Aos 14 anos, o menino deixou a casa paterna, para cursar a escola de Latim, em Magdeburg, e, no ano seguinte, em Eisenach.

Em vista dos parcos recursos do pai, o aluno passou os anos escolares em dificuldades e restrições. As vezes estava mesmo a desesperar; pensava, então, em abandonar os estudos e aprender um ofício. Mas, então, cantando no coro de alunos, na missa e às portas de burgueses abastados, mereceu as boas graças de uma nobre senhora. Úrsula Cotta, recebeu-o em sua família, franqueando-lhe as refeições. A generosidade desta senhora imprimiu-lhe no coração profunda gratidão e estima. Também o amor à música, devia-o ele, em grande parte, à influência benéfica recebida nesta casa. Desta maneira os últimos anos escolares passaram a ser anos felizes na recordação de Martin, e lhe fizeram de Eisenach uma cidade querida.

Terminado o curso de humanidades, em 1501, Martin Luther matriculou-se na Universidade de Erfurt, onde devia, primeiro cursar a Faculdade de Filosofia, para depois estudar o Direito. Entre os colegas era muito estimado como alegre músico e cantor, e, ao mesmo tempo, respeitado pela sua dedicação, tanto à oração como ao estudo.

Aos 20 anos de idade, o estudante Martin encontrou na biblioteca da Universidade uma Bíblia latina que logo atraiu o seu interesse. Quanto mais se aprofundava na sua leitura, tanto mais perguntas surgiram em seu íntimo. Embora ainda jovem e desejoso de viver uma vida pia e devota, era cada vez mais atormentado e inquietado pelo cuidado da salvação de sua alma. A Igreja ensinava que não havia melhor caminho para a salvação, senão através do convento.

Obtendo o grau de "Magister" em Filosofia, passou a ser lente nesta faculdade, ao mesmo tempo que estudava Direito. Uma série de acontecimentos, porém, vieram determinar novo rumo à sua vida.

Tendo adoecido gravemente, mal escapou da morte, quando, inesperadamente um de seus amigos teve morte trágica. E então, voltando das férias à Universidade, em 2 de julho de 1505, em plena estrada junto à aldeia de Sotternheim, o jovem Magister, debilitado, foi surpreendido por uma terrível tempestade. Bem perto dele um raio partiu estrondosamente uma árvore. Nessa angústia de morte ele proferiu a seguinte promessa: "Ajuda-me, Santa Ana, e eu quero ser monge". Foi uma promessa feita a uma santa; e, como fiel filho da Igreja, ninguém podia dissuadí-lo de cumprir a promessa, nem os amigos, nem mesmo os pais. Na manhã do dia 17 de julho de 1505 bateu ele à porta do claustro da Ordem Mendicante dos Monges Agostinhos, em Erfurt, e foi recebido como Irmão Martinus.

3 - O MONGE

Na Idade Média a Igreja indicava o convento como o caminho para a maior perfeição da vida cristã. Fugir das tentações do mundo e dedicar-se somente à contemplação e adoração de Deus era o anseio de muitos homens que, conseqüentemente, vieram encher os mosteiros. Basta citar que, na época, na pequena cidade de Erfurt, existiam nada menos de oito conventos masculinos.

Dentre estes conventos, Martin Luther preferiu o da Ordem dos Monges Agostinhos, cujo patrono era o venerável Santo Agostinho, grande doutor da Igreja do século V (354-430); esta ordem mantinha o maior rigor na disciplina. Tanto que Martin de início só foi recebido como hóspede dos frades, por algum tempo.

O pai negava-se a permitir que o filho se tornasse monge; mas, depois de perder dois filhos pela peste negra, consentiu afinal com que Martin se dedicasse à vida religiosa.

Só em setembro de 1505, o jovem entrou para o noviciado - um ano de experiência, não só de serviços os mais comuns, como também de privações e humilhações. Mas de boa vontade, o noviço se sujeitava a tudo e cumpria os menores deveres com a máxima presteza e seriedade. Pois, se fora possível alcançar a salvação pela vida de monge, ele estava decidido a alcançá-la.

Terminado o ano de noviciado, frei Martinus professou os votos de monge que são: obediência, pobreza e o celibato. E, ainda, por determinação dos seus superiores da Ordem, consagrou-se ao sacerdócio, recebendo a ordenação de sacerdote em 27 de fevereiro de 1507. Em honra de sua primeira missa, as primícias, o pai Hans Luther compareceu com um séquito de 20 cavaleiros, celebrando-se, assim, a reconciliação entre pai e filho.

Para muitos frades a vida no convento era uma espécie de refúgio, onde se viveria despreocupado e afastado das tentações do mundo. Martin Luther, ao contrário, vivia, mesmo no convento, inquietado pela pergunta angustiante: como obterei a misericórdia e a graça de Deus? A Igreja indicava que, para o conseguir, o cristão devia fazer boas obras. Mas quem saberia o quanto deveria cumprir para estar certo da sua salvação?

Desta angústia sentimos algo em um dos muitos hinos com que Martin Luther presenteou tão ricamente a nossa Igreja: "Cristãos, vós todos jubilai". Canta ele: "O pecado me levava ao desespero, no qual estive desde nascer; e cada vez mais me afundava nele; de nada me valiam as boas obras para aliviar minha consciência, acusada pelo pecado. Mas Deus teve misericórdia e enviou seu Filho para me salvar".

Em tais circunstâncias, frei Martin achou um forte esteio no superintendente dos conventos na Saxônia, Dr. Johann von Staupitz d´almas, um experimentado cura d’almas, com fé e vida fundadas no verdadeiro Evangelho. Este lhe abriu os olhos e o coração para compreender a verdade evangélica. Dele disse Martin Luther: "Se o Dr. Staupitz, ou, antes, Deus, por intermédio do Dr. Staupitz, não me tivesse ajudado a sair ileso das tentações, eu me teria afogado nelas e me encontraria no fundo do inferno".

4 - O PROFESSOR DE TEOLOGIA

Em 1502 o Príncipe da Saxônia, Frederico o Sábio, fundou a Universidade de Wittenberg. A cidade era pequena, e mais parecia uma aldeia, nada apresentava de atrativo, exceto a Igreja do Castelo e o próprio Castelo. Urgia, pois, dotar a Universidade de professores capazes de torná-la um centro de atração para os estudiosos. Johann von Staupitz, como conselheiro do Príncipe, achou oportuno indicar também Martin Luther para uma cadeira de Filosofia. Em fins de 1508, Martin Luther transferiu-se para lá, obtendo morada numa cela do Convento Negro dos Agostinhos.

Por razões da Ordem dos Agostinhos, ele interrompeu sua atividade ali, para lecionar, durante um ano e meio, na Universidade de Erfurt, retornando depois a Wittenberg. Embora escalado para a Faculdade de Filosofia, seus interesses todos se concentravam na Teologia.

Uma grata oportunidade teve Martin Luther em 1510, para realizar uma aspiração de há muito: ver Roma, a Cidade Santa! Junto com outro frade iria ao Vaticano tratar de questões de sua Ordem. Em Roma esperava ele encontrar o supra-sumo do cristianismo na sede do "Santíssimo Pai’: maior dedicação a Deus, mais fervor da fé, virtude e caridade mais perfeitas. Chegando ao topo de uma colina, donde avistou, pela primeira vez, a cidade, exclamou: "Salve, Santa Roma". Propôs-se a visitar todos os lugares santos, e, em todos eles, rezar devotas orações. De joelhos, subiu os 28 degraus de escada de Pilatos. Grande satisfação sentiu em poder rezar missa numa das igrejas de Roma. Mas quão grande foi a sua decepção de tudo o que viu e ouviu em Roma! Os padres romanos fizeram troça do simplório padre alemão que ainda tomava a sério o seu sacerdócio, e dizia missa com devoção e ardor; eles só viam no sacerdócio o seu meio de vida. Os mais altos dignitários da Igreja, bispos e cardeais, entregavam-se a uma vida duvidosa e cheia de intrigas. O próprio Papa Júlio II era mais amante das artes e das guerras do que dos misteres e da ordem da Igreja.

Martin Luther voltou a Wittenberg, no ano de 1511, revoltado com a situação escandalosa em que encontrou a sede do Papa e da Cúria. Em outubro de 1512, ele foi promovido a Doutor em Teologia. Na solenidade de promoção, Martin Luther jurou fidelidade a sua amada Sagrada. Escritura. Em concordância com este juramento, ele continuou a ensinar e explicar a Bíblia fielmente, até a morte. Fez preleções sobre os Salmos, as cartas aos Romanos, aos Gálatas e os Hebreus. Especialmente, a doutrina evangélica do Apóstolos Paulo, na carta aos Romanos, veio trazer a derradeira clareza nas trevas do que ansiava ardentemente pelo conhecimento da salvação.

Desde aquele dia, em Sotternheim, Martin Luther vivia com a consciência atemorizada. Em lutas íntimas chegou à convicção de que diante da Santidade de Deus o homem pecador só pode desesperar! Todos os graus de moralidade desapareceram diante do eterno Juiz: "Não há quem faça o bem, somos todos pecadores", dizia Paulo. Compreendeu Martin Luther a tremenda responsabilidade que pesa sobre o homem: na morte enfrenta sozinho a Deus; não lhe valerão nem papa, nem santos, só o Mediador.

Em vista de tal compreensão ruíram por terra todos os esforços monásticos ("Möncherei"). Mas levaria anos, até que Martin Luther saísse da escuridão destas dúvidas, como vimos, com o inestimável auxílio do guia espiritual von Staupitz.

Enfim, por volta de 1512/13, durante o estudo da epístola aos Romanos, a luz rompeu definitivamente as trevas, quando subitamente se lhe evidenciou o verdadeiro sentido do versículo Romanos 1,17: "O justo viverá por fé"; e só pela fé (sola fide). Compreendeu aí que o homem não pode conseguir por méritos próprios a justiça perante Deus e uma consciência tranqüila; mas que Deus, por graça (e de graça), considera como justificado aquele que lhe confia, e crê na Sua misericórdia em Jesus Cristo (iustus sola fide - sola gratia). Com esta fé em Cristo, Deus nos dá, ao mesmo tempo, a força para fazer o bem, a caridade.

Só agora Martin Luther chegou à verdadeira compreensão da Bíblia, principalmente do ensino do Apóstolo Paulo e dos doutores da Igreja, como Santo Agostinho. Pois a justificação só pela fé e só pela graça de Deus se tornou a chave e base para toda a doutrina cristã.

5 - O REFORMADOR DA IGREJA: 1517 - As 95 Teses

Quando Martin Luther pregou à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, o pergaminho com as 95 teses, ele não o fez com a pretensão de desencadear um grande movimento na história da Igreja. Era o pároco que, com preocupação, vai como as almas dos seus paroquianos eram desnorteadas por um grande escândalo, descaradamente apregoado em nome da santa Igreja: a venda do perdão de Deus, como se fosse mercadoria, por meio de cartas de indulgência.

As teses, escritas em latim, eram destinadas a suscitar uma discussão, entre os acadêmicos, sobre a legitimidade bíblica de tal negócio. Deus oferece o perdão ao pecador arrependido por graça e bondade, pelo mérito de Jesus Cristo. Mas o que Deus oferecia de graça, a Igreja explorava como um negócio. Para financiar a construção da Basílica (catedral) de São Pedro em Roma, o Papa Leão X mandara cobrar certas taxas pelo expediente das cartas de indulgência. E disto se faziam abusos incríveis. Pelo pagamento de dinheiro não só se podiam livrar, de castigo eterno, pessoas já falecidas, como até a gente podia isentar-se da culpa de pecados preconcebidos.

Neste sentido pregavam os vendedores das cartas, cujo representante mais conhecido, João Tetzel, chegou a cantar: "No momento em que o dinheiro tinir na caixa, a alma salta do purgatório ao céu". Martin Luther, como padre fiel de sua Igreja, não podia crer que o chefe da cristandade encobria, com o seu nome e sua autoridade, tão grande abuso. A discussão sobre as 95 teses deveria trazer a conclusão clara disso, e uma reabilitação da autoridade comprometida do Papa e de toda a Igreja. Eis algumas das teses:

Por amor à verdade, e movido pelo zelo de elucidá-la, será discutido, em Wittenberg, sob a presidência do Rev. Padre Martin Luther, mestre das Artes livres e professor catedrático da S. Teologia ali mesmo, o que segue. Pede, outrossim, aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, de fazê-lo por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Algumas das teses:

1 - Quando nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo disse: Fazei penitência etc. (Mt. 4.17), ele quis que toda a vida dos fiéis fosse um só arrependimento.
6 - O papa não pode perdoar uma única culpa de pecado, senão declarar e confirmar que já foi perdoada por Deus.
11 - Esta cizânia de se transformar a pena canônica em penas do purgatório, aparentemente foi semeada quando os bispos se achavam dormindo.
27 - Pregam futilidades humanas quantos afirmam que, tão logo a moeda soar, ao ser jogada na caixa, a alma se eleva do purgatório.
32 - Serão eternamente condenados, juntamente com seus mestres, aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgências.
36 - Todo e qualquer cristão verdadeiramente compungido tem pleno perdão da pena e da culpa, o qual lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.
43 - Deve-se ensinar aos cristãos que quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados procede melhor do que quando compra indulgências.
45 - Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê um necessitado e a despeito disto gasta o dinheiro com indulgências não recebe as indulgências do papa, mas atribui a si a indignação de Deus.
50 - Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento das exações dos pregadores de indulgência, preferia ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
52 - É vá a confiança de ser salvo mediante breves de indulgência, mesmo que o Comissário papal, mesmo que o próprio papa empenhe sua alma como garantia.
53 - São inimigos da cruz de Cristo e do papa quantos, por causa da prédica de indulgências, mandam silenciar completamente a Palavra de Deus nas demais igrejas.
62 - O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
79 - Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
94 - Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através de padecimento, morte e inferno;
95 - E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados mediante consolações infundadas.

O efeito destas teses foi tão inesperado, que não ficaram entre os letrados. Traduzidas do latim para o alemão, em poucas semanas se espalharam por toda a Alemanha e outras partes da Europa, e chegaram ao conhecimento do povo em geral. E o povo sentia que nestas frases se anunciava uma libertação do jugo de um sistema clerical que, em vez de servir, dominava as almas crentes.

Em 1518, Roma tratou de liquidar o caso do monge de Wittenberg. Luther foi chamado para responder processo em Roma, dentro de sessenta dias. Mas por interferência de Frederico o Sábio, Príncipe da Saxônia, o Papa consentiu que a questão fosse tratada em Augsburg, pelo legado Cardeal Caetano. Este exigia simplesmente que Luther declarasse: revogo tudo. Naturalmente nada conseguiu; e Luther voltou à Saxônia.

Agora devia Martin Luther contar com a excomunhão. Mas o Papa temia suscitar uma oposição cerrada entre os príncipes alemães; por isso tentou aproveitar-se da diplomacia. Ao mesmo tempo em que lisonjeou o Príncipe Frederico o Sábio, com a "Ordem da Rosa Áurea de Virtude", para afastá-lo de Luther, enviou o conselheiro Karl von Miltitz. Devia este tratar com bondade o "filho desviado". Conseguiu que Martin Luther escrevesse uma carta ao Papa, declarando sua fiel submissão; mas, reafirmou também, sua doutrina da justificação só pela fé, sem os méritos de obras.

Mas o que decidiu, então, o rumo que as coisas tomariam, foi uma discussão havida em Leipzig entre Johannes Eck e Karlstadt, colega de Martin Luther. Interferindo na discussão dos dois, Martin Luther chegou a afirmar que nem todas as doutrinas de João Huss (queimado como herege em Constança, em 1415) eram falsas, e que também os Concílios (assembléias da Igreja) podem errar nas suas decisões.

Com esta assertiva, tão verdadeira, certamente sem se dar conta, no momento. Martin Luther se colocou fora da Igreja do Papa, fundamentada sobre a infalibilidade do Papa e dos Concílios.

Como conseqüência, os adeptos de Huss se tornaram simpatizantes da nova causa; e Martin Luther obteve um valoroso amigo no jovem e talentoso professor de Grego, em Wittenberg: Philipp Melanchthon. Pela erudição e orientação do ensino na Alemanha, obteve ele o cognome de Praeceptor Germaniae (Educador da Alemanha). Sua mais valiosa colaboração com Luther foram a compilação da Confissão de Augsburg e da Apologia (Defesa) da mesma.

1520 - Três livros fundamentais

Para expor que a doutrina bíblica da justificação somente pela fé é incompatível com o sistema de salvação do papado, Martin Luther escreveu, em 1520, três livros fundamentais da sua doutrina.

1. "À sua Majestade Imperial e à nobreza cristã, sobre a renovação da vida cristã", critica e condena o sistema autoritário com que o Papa domina a Igreja qual um ditador. O papa entrincheirou-se atrás de "três muros": a supremacia sobre os poderes do mundo (o imperador); o direito exclusivo da interpretação da Bíblia; o privilégio de convocar Concílios.

2. "Sobre a escravidão babilônica da Igreja" trata dos santos Sacramentos. Exige a distribuição de ambos os elementos, pão e vinho, conforme Jesus mesmo o determinou: rejeita a doutrina não-bíblica da transubstanciação do vinho em "verdadeiro sangue" e a idéia da repetição do sacrifício na missa. Dos 7 Sacramentos só três podem ser considerados bíblicos: o Batismo, a Santa Ceia e a Penitência.

3. "Da liberdade de um cristão" é um livro que, partindo de I Coríntios 9.19, se baseia nestas duas frases: a) "O cristão é um livre Senhor de todas as coisas e não submisso a ninguém - pela fé"; b) "O cristão é servidor de todas as coisas e submisso a todos - pelo amor". Fé e amor são, pois, para Martin Luther, as colunas da salvação.

Ainda em um "Sermão sobre as boas obras", Martin Luther define uma ética cristã baseada na fé. Boa obra é toda obra ordenada por Deus; sendo esta feita como fruto da fé, é boa; sendo feita para granjear mérito, é má. "Não fazem as boas obras um bom Cristão, mas um bom cristão faz boas obras".

A resposta do Papa a estas exposições bem intencionadas foi a "Bula de Excomunhão" (Exurge Domine), isto é, um comunicado oficial, passado em nome de Deus, de que Martin Luther seria excomungado da Igreja, se, dentro de 60 dias, não revogasse o que havia escrito e ensinado. E vejam-se as palavras que um pretenso "lugar-tenente de Deus" empregara: "Surge, ó Senhor, e julga a tua causa! Um porco do mato quer destruir a tua vinha, um javali sobremodo feroz quer ceifá-lo".

A bula mandava que todos os livros de Martin Luther fossem queimados, o que se fez, realmente, em algumas cidades, como em Colônia (Köln) e Mogúncia (Mainz).

1521 - Worms

A bula de excomunhão era uma arma terrível com que o Papa esperava abafar, de vez, o movimento em Wittenberg. Nenhum católico ainda ousaria compartilhar com um excomungado. Luther seria isolado como um leproso.

Mas esta esperança do Papa em breve se desfez. Para completar o efeito de excomunhão, o Papa insistia junto ao jovem Imperador Carlos V, para que este emprestasse o seu poder imperial à Igreja na luta de supressão da heresia alemã. Hesitava Carlos V em atendê-lo, pois, para seus problemas políticos, precisava contar com o apoio dos príncipes alemães, e não queria contrariá-los.

Ainda assim o Imperador convidou o Doutor Martin Luther a comparecer ao parlamento do Império, realizado em Worms no ano de 1521, para se responsabilizar. Escoltado por uma guarda que lhe garantia o salvo-conduto, em nome do Imperador, Martin Luther viajou a Worms numa simples carruagem.

A viagem tornou-se uma via triunfal. Em cidades e vilas Luther era aclamado e recebido festivamente. Em muitas igrejas ele pregou o puro Evangelho.

Ainda pouco antes de entrar em Worms, em Oppenheim, seus amigos o advertiram de não ir para lá, para não cair em alguma cilada dos papistas. Sua resposta foi lacônica: "Ainda que houvesse em Worms tantos demônios como há telhas sobre os telhados, contudo lá entrarei".

A 16 de abril de 1521, o guarda das torres da catedral anunciou, com toque de clarim, a entrada do arauto imperial, acompanhado do monge de Wittenberg. Uma multidão saiu às ruas, para ver e saudar o frade destemido.

No outro dia, antes de Martin Luther entrar na audiência, o general Georg von Frundsberg batia-lhe amigavelmente nos ombros, dizendo: "Fradinho, fradinho, tu farás um caminho difícil, que tal nem eu, nem muitos chefes, tivemos em duras batalhas; mas se for sincero o teu propósito e estiveres certo de tua causa, então Deus não te abandonará".

Levado à presença do Imperador e da assembléia do parlamento, o chanceler do Império mostrou um montão de livros de Martin Luther e perguntou se Luther os reconhecia como seus e se estava disposto a revogar o que neles escrevera.

Para refletir, Martin Luther pediu prazo até outro dia.

A 18 de abril, então, ele fez um discurso em latim. Disse que lamentava terem-lhe escapado algumas ofensas pessoais, mas que do conteúdo dos livros, da doutrina do Evangelho, nada podia revogar. Ainda ia repetir o mesmo discurso em alemão, quando foi interrompido pelo chanceler impaciente que lhe exigia uma resposta seca: sim ou não. A isso Martin Luther proferiu estas frases importantes: "Não posso, nem quero retratar-me, a menos que seja convencido de erro por meio da palavra bíblica ou por outros argumentos claros; porque não é aconselhável agir contra a consciência. Aqui estou; de outra maneira não posso. Que Deus me ajude. Amém!".

Na assembléia se fez um tumulto; exaltaram-se os inimigos e exigiram a condenação deste herege. Martin Luther, no entanto saiu aliviado e contente de sua consciência diante de tão numerosa e poderosa assembléia. Ao entrar no hotel, saudou os amigos com as palavras: "Passei, passei". Depois da partida de Martin Luther, ainda com o salvo-conduto do Imperador, o parlamento decretou a sua proscrição, isto é: ele perdia todos os direitos de cidadão, principalmente a segurança pessoal da vida; seria "livre como um pássaro". Mas a esta hora Martin Luther já estava a salvo.

1521 - 1522 - Wartburg

A viagem de Martin Luther, de volta a Wittenberg, enchia de preocupações os seus amigos. A pequena escolta não poderia garantir a vida de um proscrito. Em 2 de maio de 1521, a caravana chegou a Eisenach cidade de tão gratas recordações para Martin Luther, dos tempos de ginásio. Partindo dali, no outro dia, a carruagem que o levava junto com outro monge, foi subitamente atacada por cavaleiros embuçados; estes o prenderam e levaram ao castelo Wartburg, próximo à cidade. Eram soldados fiéis do Príncipe da Saxônia que, desta maneira, puseram Martin Luther a salvo de um eventual ardil dos inimigos.

Disfarçado fidalgo, conhecido por Junker Jörg, devia Martin Luther passar os seus dias sem a desejada atividade de professor do Evangelho. Tal não lhe seria possível. Por isso passou a aproveitar o tempo, escrevendo comentário aos Salmos, ao Magnificat - o canto de Maria no Evangelho de Lucas 1,46ss. O trabalho mais importante, porém, foi a tradução do Novo Testamento do grego para o alemão, feito dentro de três meses. Impresso em Wittenberg em setembro de 1522, recebeu o nome Bíblia de Setembro, "Septemberbibel". O preço deste Novo Testamento correspondia a 25 marcos alemães atuais.

Nem um ano durou a estadia de Martin Luther no Wartburg. Em Wittenberg alguns de seus adeptos, chefiados pelo Professor Karlstadt, precipitaram-se à "reforma fundamental". Iniciaram uma verdadeira revolução, em lugar de reforma. Aliados a alguns entusiastas fanáticos, vindos de Münster, procederam a uma "purificação de templo", eliminando do culto e destruindo nas igrejas tudo o que lembrava o catolicismo. Diante de tais notícias, Luther imediatamente se decidiu e viajou a Wittenberg para restabelecer a ordem e a serenidade. O Príncipe Frederico o Sábio advertiu-o de que não mais o poderia proteger, se deixasse o Wartburg. Luther respondeu: "Eu sigo a Wittenberg com uma proteção mais alta que a do Príncipe. Julgo até que antes poderia eu proteger o Príncipe do que ele a mim ... Pois quem tiver mais fé, mais poderá proteger". A 6 de março de 1522, Martin Luther entrou em Wittenberg; passou a pregar diariamente durante uma semana inteira, conseguindo assim enxotar completamente os fanáticos.

1525: A guerra dos camponeses / O casamento de Luther

Marcaram o ano de 1525 dois acontecimentos importantes para a marcha da Reforma: a Guerra dos Camponeses, e o casamento de Martin Luther.

Os camponeses, no centro e no sul da Alemanha, reivindicavam mais liberdade dos latifundiários, aos quais se achavam vinculados em condições desfavoráveis. Certos senhores mantinham mesmo os camponeses em condições de escravos. Estes formaram uma federação, para lutar pela liberdade. Os seus objetivos eram declaradamente político-sociais e não religiosos. Mas os camponeses precisavam de um chefe ideal; e acreditavam tê-lo encontrado em Martin Luther. Iam, pois, confundir reivindicações políticas com aspirações religiosas. Assim Martin Luther, embora compreendendo as necessidades dos camponeses, viu-se forçado a distanciar-se claramente dos mesmos, porque sua missão não era política. Contra a revolução armada, os príncipes reagiram militarmente e derrotaram completamente os camponeses em terríveis carnificinas, como a batalha final de Frankenhausen.

Quanto foi prejudicial esta revolução ao andamento da Reforma, tanto lhe foi benéfico o casamento de Martin Luther. As "histórias" que se contam, maliciosamente, de Martin Luther, afirmam que o monge se rebelou contra a Igreja, para poder casar, porque não queria cumprir o voto de celibato (castidade). Isto não corresponde a verdade. Nem em 1517, nem após a excomunhão, Martin Luther cogitou em casar-se. Só 4 anos mais tarde ele se decidiu a tal passo. Casou-se com uma ex-freira, Catharina von Bora, que há anos deixara o convento por convicção evangélica. Deu assim o exemplo a outros padres que viviam na dúvida, se poderiam casar segundo a ordem de Deus, sem prejuízo do seu sacerdócio. Desde então os lares de sacerdotes evangélicos tornaram-se centros de irradiação de vida cristã, exemplo da família crente como célula da Igreja. O Casal Martin e Catharina Luther teve 6 filhos: Hans, Elisabeth, Magdalene, Martin, Paul, Margarethe.

1529 - 1530: Os Catecismo - A confissão de Augsburg

Martin Luther não foi um revolucionário e demolidor da ordem na Igreja. Grande atividade ele desenvolveu na organização interna da Igreja Evangélica. Como músico e poeta, ele se revelou em inigualáveis hinos sacros que foram traduzidos para muitas línguas; alguns são, até, cantados pelos católicos, na Alemanha.

Além de traduzir a Bíblia, com o que lançou as bases para a língua literária alemã, traduziu também a ordem da missa para o alemão: "Deutsche Messe 1526". Daí por diante, nos cultos, se rezava e cantava na língua do povo, e não em latim que ninguém compreendia. (Em 1963, também a Igreja Católico-romana passou a adotar esta reforma).

Em 1529, ele escreveu o Catecismo Menor e o Maior, que até o dia de hoje estão em uso na Igreja luterana, não só como livros de ensino, mas também como diretriz básica da doutrina da fé.

Em 1530, no parlamento em Augsburg, os adeptos de Martin Luther apresentaram ao Imperador e aos representantes um resumo da doutrina evangélica: a "confissão de Augsburg". É o documento confessional mais importante para a Igreja Evangélica até hoje. Não foi compilado por Martin Luther; seu autor é Felipe Melanchthon. Mas a habilidade redatorial deste ilustre professor formulou precisamente as idéias de Luther, o qual endossou e confirmou todos os seus artigos.

Enquanto Luther se achava no forte Coburg, a Confissão de Augsburg foi lida em público, no parlamento, perante Carlos V, em 25 de junho de 1530, e traz as assinaturas de inúmeros teólogos, padres e bispos de príncipes e condes e de representantes oficiais de muitas cidades importantes. Os teólogos do Papa redigiram, imediatamente, uma réplica em que rejeitaram todas as teses evangélicas. Ainda durante os dias do parlamento, Melanchthon escreveu uma defesa da confissão evangélica, a chamada Apologia.

Após a leitura da Confissão de Augsburg, o Arquiduque de Bayern teve que confessar: "Bem escutei que os luteranos estão dentro das Escrituras Sagradas, e nós papistas fora dela." E o bispo de Augsburg confirmou: "o que foi lido, é pura verdade, não o podemos negar". Apesar disto o Imperador estava decidido a fazer cumprir o decreto de Worms contra Luther e seus adeptos. Mas, em vista do perigo dos turcos às portas do Império, em Viena, o Imperador dependia do auxílio militar dos príncipes evangélicos; por isso, em 1532, pela Paz Religiosa de Nürnberg, lhes concedeu tolerância até a realização de um concílio geral da Igreja.

Martin Luther reclamava um concílio em território alemão; e para este já elaborou novas teses fundamentais da doutrina evangélica, chamadas os "Artigos de Schmalkalden" (1537). Mas o concílio só se realizou em Mantua, na Itália, sem a participação dos evangélicos.

1546: A morte de Martin Luther

Martin Luther faleceu aos 62 anos de idade, em 18 de fevereiro de 1546. Por determinação de Deus chegou a falecer em sua cidade natal, aonde fora, para tratar de uma questão entre os condes de Mansfeld que o pediram por árbitro.

Empreendeu a viagem já com a saúde abalada. Na manhã de 17 de fevereiro sentiu uma súbita fraqueza. Falou então, ao Dr. Justus Jonas, que o acompanhara, junto com seus três filhos: "Aqui em Eisleben eu nasci e fui batizado: Deus sabe, se eu não deveria ficar aqui?" E esta expectativa veio a concretizar-se. Apesar da assistência por parte dos dois médicos de Eisleben, expirou ele o seu espírito na madrugada de 18 de fevereiro de 1546, às 2 horas e 45 minutos.

Ao sentir aproximar-se a derradeira hora. Martin Luther pôs-se a orar repetidas vezes: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". O Dr. Johanes e o Pastor Coleias, de Eisleben, ainda lhe fizeram a pergunta: "Venerando pai, quereis morrer confiado no vosso Senhor Jesus Cristo, e confirmar a doutrina que em Seu nome ensinastes?’ O moribundo ainda respondeu com clareza "sim", e morreu. Com grande cortejo fúnebre e ao som de todos os sinos, Martin Luther foi sepultado sob as lajes da Igreja do Castelo em Wittenberg, onde sempre pregara o Evangelho. No ofício fúnebre falaram o Dr. Bugenhagem em alemão e Melanchthon em latim.

Martin Luther morreu. Mas continua bem viva, até aos nossos dias, sua doutrina pura e verdadeira do Evangelho de Jesus Cristo como nosso único Mediador e Salvador. Martin Luther não foi "santo", e não recebe veneração como um "santo". A melhor honra que podemos tributar à sua memória é conservar o Evangelho puro, e viver em obediência ao mesmo.

6 - DADOS CRONOLÓGICOS DA ÉPOCA DA REFORMA

1176 - Conversão de Pedro Valdus. Movimento Valdense em Lyon.
1384 - John Wiclif +
1415 - João Huss é queimado em Constança.
1483 - (10.Nov.) Nasce Martin Luther em Eisleben.
1484 - Nasce Huldreich Zwinglio, Reformador na Suíça.
1497 - Nasce Philipp Melanchthon.
1501 - Luther na Universidade de Erfurt.
1505 - Luther ingressa no Convento dos Agostinhos.
1507 - Luther consagrado sacerdote.
1508 - Luther professor na Universidade de Wittenberg.
1509 - Nasce João Calvino, Reformador na França e Suíça.
1510/11 - Viagem de Luther a Roma.
1517 - (31. Out.) Luther afixa as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo, em Wittenberg.
1518 - Luther perante o Cardeal Caetano.
1519 - Luther e Karl von Miltitz; disputa de Leipzig com J. Eck.
1520 - Luther escreve 3 livros fundamentais da Reforma; em 10.12. queima a bula de excomunhão.
1521 - (17 e 18 de abril) - Luther diante do Imperador, no parlamento, em Worms.
1521/22 - Luther no Wartburg; traduz o Novo Testamento.
1522 - Luther volta a Wittenberg e abafa o fanatismo iconoclasta.
1523 - Morte de Franz v. Sickingem: fim da revolta dos cavaleiros.
1524 - Convenção católica de Regensburg.
1525 - Guerra dos Camponeses. Luther casa com Catharina von Bora.
1526 - Liga evangélica de Torgau.
1527/29 - Organização da Igreja Evangélica.
1529 - Martin Luther escreve o Catecismo Menor e Maior.
Colóquio de Marburg sobre a Santa Ceia (contra Zwinglio).
Parlamento de Speyer: protesto solene.
1530 - (25. Junho) Parlamento de Augsburg: Confissão de Augsburg.
1531 - União evangélica de Schmalkalden.
1532 - Paz religiosa de Nürnberg.
1534 - Reforma em Wittenberg. Concluída a tradução da Bíblia.
1532/34 - Reforma em Westfalen.
1534/35 - Os fanáticos de Münster (anabatistas).
1537 - Artigos de Schmalkalden.
1539 - Reforma na Saxônia Albertina e Mark Brandenburg.
1542- Reforma em Braunschweig.
1543 - Reforma em Oberpfalz.
1545 - Começo da Contra-reforma com o Concílio de Trento.
1546 - (18/fev/1546) Morte de Martin Luther em Eisleben.
1577 - Fórmula da Concórdia.

Sobre o autor. O Pastor Arno Dreher já é falecido. Atuou na Paróquia Martin Luther nos anos de 1959 a 1967. Como na sua época não havia material disponível em português para que Lutero fosse melhor conhecido na comunidade, ele elaborou este trabalho sintetizando a vida e obra de Martin Luther.

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