segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Biografia de João Wesley

Vida e Obra de João Wesley
por Paulo Eduardo A. Freitas
A grande e corrupta Inglaterra do século XVII, mal sabia que seria o berço de um grande avivamento. E esse seria tão promissor que alcançaria vários outros países.

O despertamento espiritual, porém racional, aconteceria através do poder de Deus sobre um jovem chamado João Wesley, ele seria o fundador do Metodismo na Inglaterra, juntamente com seu irmão Charles Wesley.

Ambos eram membros da Igreja Anglicana, mas não se conformaram com o rumo que a igreja ia tomando, distanciando-se cada vez mais dos ensinamentos práticos do Evangelho de Cristo. “João (1703-1791) foi predominantemente pregador, organizador, apologista1” deste movimento. E é sobre ele e sua doutrina da Perfeição Cristã que este estudo se deterá a maior parte do tempo.

Eis uma breve descrição de João Wesley conforme Buyers: “Ele se erguia, vulto pequeno, catito e simpático, o cabelo preto e liso, bem repartido; as feições claras e puras como as de uma menina; os olhos castanhos, cintilantes como pontas de aço2”. E de acordo com historiadores sua voz e personalidade afetavam profundamente a multidão dos que o ouviam.

“Durante os 55 anos desde a primeira à última entrada no seu Diário, Wesley pregou mais de 42.000 sermões, viajou mais de 400.000 quilômetros a pé, a cavalo, de carruagem e de navio, escreveu mais de 200 livros e panfletos3”. Tornou realidade sua afirmativa: “O mundo é minha paróquia”.
1. A situação da Inglaterra antes do avivamento Wesleyano

O fundamento cristão na Inglaterra, se pode ser chamado assim, não foi dos melhores. Visto que seus precursores enfatizavam mais seus interesses políticos do que o Cristianismo propriamente dito.
Desde o rei Henrique VIII, que não aceitava a autoridade papal, e também levava à forca todos quanto professassem as doutrinas luteranas, o Evangelho não era mais aceito de fato. Sabedores de que a potência Católica já não era mais a mesma os reis ingleses assumiram o comando. Isso levava a diversas transições religiosas, do catolicismo ao protestantismo e vice-versa. Com o reinado do piedoso protestante Eduardo VI a reforma inglesa se firmou profundamente de tal forma que mesmo com a ascensão de Maria Tudor não foi possível desarraigá-la4.

A rainha Elizabeth5 de uma vez por todas firmou a Igreja Anglicana na Inglaterra, todavia era mais um pacto estatal com interesses políticos do que um pensamento religioso6.
Católicos, mas não romanos, com Henrique VIII; protestantes com Eduardo VI, voltaram ao papismo durante o reinado de Maria, mas retornaram ao protestantismo com a ascensão de Isabel; apenas duzentos (dentre o povo) entre 9.400 colocaram suas convicções acima dos benefícios. A maior parte deles (o povo) era muito inculta. A secularização dos bens eclesiásticos os (ao povo) tinha reduzido a uma condição de miséria. 7
Segundo Cairns8, a igreja virou um mero órgão do estado, o que fez com que a espiritualidade fosse quase toda extirpada do terreno inglês. Os sermões eram apenas longas homilias sobre trivialidades morais sem demonstrar o verdadeiro conteúdo do evangelho. A classe alta aderiu ao deísmo9. O alto clero era bem pago enquanto o baixo clero sofria com pequenos salários.

Um decréscimo na moral inglesa havia acontecido. As pessoas pareciam andar constantemente tristes e os atrativos que encontravam eram o alcoolismo, prostituição, brigas de animais dentre outras atividades corrompedoras.

De acordo com Cairns10“jogava-se excessivamente. Conta-se que Charles James Fox, um líder político, perdeu cem mil libras em vinte e quatro anos”. E o mau padrão vinha de cima, Lelièvre11 relata que “a família real dava o mau exemplo do relaxamento dos bons costumes, e a nobreza a seguia”.

Walker12 afirma que “o racionalismo penetrara todas as classes de pensadores religiosos, de modo que mesmo entre os ortodoxos o cristianismo se assemelhava mais a um sistema de moralidade apoiado por sanções divinas”.

Quanto a toda essa problemática Buyers13 afirma que “a Inglaterra parecia um ‘vale de ossos secos’ que esperavam o sopro divino para vivificá-los”.
2. “Um tição tirado do fogo14”

João Wesley nasceu em 1703, era o décimo quinto filho, dos dezenove, de Samuel e Suzana Wesley. “Seu pai era um clérigo devoto, erudito, nada prático, na paróquia da ‘igreja alta’ de Epworth, em Lincolnshire15”. Nele é possível reconhecer defeitos e virtudes, caráter e nobreza, mas que às vezes tende ao desequilíbrio16.

Quanto à sua mãe, o que pode ser dito é que foi uma mulher extremamente zelosa e valente, “criou a grande família com uma mistura de teologia da igreja alta, devoção puritana e inflexível independência17”. Ela influenciou permanentemente a vida de Wesley, devido sua maneira de educar a seus filhos. “Suzana Wesley18 era uma cristã fervorosa, para quem o crescimento espiritual dos filhos era ainda mais importante do que seus progressos intelectuais19”.

Dessa maneira foi a formação de João Wesley, no âmbito familiar, foi moldado seu caráter e também o início de seu pensamento teológico-religioso.

O título deste segundo tempo se deu devido há um acontecimento na vida de João Wesley e seus familiares. Por serem uma família pobre e seu pai pastor, os Wesley tinham muitos inimigos, dessa feita, certa noite Samuel, seu pai, acordou e percebeu que a casa deles estava em chamas, levantou-se rapidamente e começou a levar todos para fora do lugar.

Quando todos já haviam sido retirados passaram revista contando as crianças e perceberam que faltava o pequeno João. Ele ficara dormindo no quarto do andar de cima e o fogo já havia se alastrado por toda a casa, não havia mais como entrar. “Este, entretanto, acordou e correu até a janela, e ali foi percebido sem demora”. Os homens subiram um no ombro do outro e alcançaram o menino antes que o fogo chegasse a ele.

“João Wesley nunca se esqueceu dessa salvação providencial. Anos depois, embaixo de um dos seus retratos, mandou gravar uma casa tomada pelas chamas, com a inscrição: ‘Não é este um tição arrebatado do fogo?'20”.

Wesley teve enfermidades durante sua infância, as quais suportou muito bem. Seu caráter e hombridade já eram notáveis desde muito cedo. Segundo Lelièvre21 o menino mostrava uma desenvoltura muito acima de sua idade.
2.3. Estudos e ordenação

João Wesley começou seus estudos aos dez anos e meio. Conseguiu uma bolsa em uma escola rica, a saber, Charterhouse, graças à ajuda do Duque de Buckinghan. Na escola ele sofreu bastante. Por pertencer a uma família pobre, sofria maus tratos por parte de seus colegas, mas não desistiu dos estudos por isso.

No ensino superior foi congratulado com uma bolsa de estudos no renomado Christ Church College da Universidade de Oxford.

A princípio não pensava em se consagrar ao ministério, inclusive seu pai sempre lhe dizia que não o fizesse com o interesse apenas de conseguir dinheiro para sua sobrevivência. Todavia Lelièvre relata que “em 19 de setembro de 1725, Wesley recebeu das mãos do bispo Potter a ordenação de diácono, que na Igreja Anglicana é a primeira das ordens sagradas a ser concedida22”. Nesse tempo auxiliou seu pai na paróquia de Epworth.

Retornando a Oxford conseguiu a toga de fellow, que lhe atribuía honra, e de acordo com Lelièvre23 este título possuía várias vantagens, e também o obrigava a “colocar-se a disposição daquele estabelecimento sempre que precisassem de seus serviços”, o que lhe concedia vários privilégios, porém lhe transmitia muitas responsabilidades também.

No verão seguinte ajudou seu pai novamente em Epworth, e teve interesse em se ingressar na obra missionária. E “no mês de agosto de 1727”, relata Lelièvre, “o ministro de Epworth, sobrecarregado com os achaques da velhice, chamou seu filho para trabalhar ao seu lado. Wesley permanecey ali até novembro de 1729, com exceção de três meses que passou na Universidade de Oxford, onde foi ordenado presbítero em 22 de setembro de 172824”.

Dedicado, Wesley, compreendia bem o grego, hebraico, latim e francês, mas seu interesse maior não era o intelecto. Por conselho de seu pai ele estudava a Bíblia em seus originais. Seus primeiros anos em Oxford não foram muito perceptíveis nem influenciável às pessoas daquele lugar.
2.4. O “Clube Santo”: começa o movimento Metodista

Apesar da disposição, desde criança, de um caráter forte, João Wesley na sua juventude não foi o mais honroso homem. O pecado não o perturbava. “Repetia as orações litúrgicas e comungava três vezes ao ano; porém, conforme ele mesmo confessa, não tinha ‘a menor idéia da santidade interior, e cometia habitualmente pecados e, ainda, freqüentemente com prazer’25”. O jovem rapaz não demonstra em suas cartas qualquer indício de lutas espirituais. O que causava sérias preocupações por parte de sua mãe.

Todavia, com o tempo, João Wesley começou a perceber que sua conduta não estava correta e quando pecava, estes já pareciam afetá-lo de alguma maneira. Isso o fez pensar sobre o assunto. Visto que ele sempre se interessara pela religião, ainda que de forma externa, agora queria mudar de vida.

Duas obras que influenciaram notavelmente a vida de Wesley foram a Imitação de Cristo de Tomás Kempis, e as Regras para Viver e Morrer na Santidade, de Jeremias Taylor. João era bastante crítico o que o fez perceber algumas questões sobre estes estudos, nem tudo que esses autores relataram foi bem aceito por ele26. Outros livros que o influenciaram foi a Perfeição Cristã e a Chamada Séria de Law.

Após servir como auxiliar em Epworth, volta para Oxford, onde inicia com um grupo de rapazes um trabalho de oração, leitura da Bíblia e discussões sobre a santidade e a vida diária. “Por escárnio, os demais estudantes chamavam a sociedade ‘o clube dos santos’, e os seus membros receberam o apelido zombeteiro de ‘metodistas’, por causa da metodologia e regularidade com que cumpriam seus deveres religiosos27”. Tiveram três que se destacaram nessa organização, João Wesley que maliciosamente era chamado pelos jovens da universidade de “procurador do clube dos santos”; Carlos Wesley, o irmão de João que nesta época havia se integrado também na Universidade de Oxford; e Jorge Withefield, que veio a ser um grande pregador. Ao todo aquele grupo nunca passou o número de quinze integrantes.

João Wesley passou a buscar mais a santidade interior, a pureza de coração. Para isso fazia boas obras. “Para conseguir isso, resolveu abandonar certos amigos, dedicar duas horas por dia à oração e comungar uma vez por semana28”. Ele era bastante consciencioso com relação ao tempo e dinheiro, todo o seu dia era programado, e limitava-se a gastar anualmente apenas 700 dólares, mesmo quando sua renda subiu para 3000 dólares, o que passava dos 700 dólares ele dava aos pobres29.

Planejava de antemão e metodicamente o trabalho de cada dia, e anotava no seu diário o uso que havia feito de cada hora. Em agosto de 1731 escreveu a um dos seus discípulos o seguinte: “Como você não tem a garantia de um só dia de vida, será pouco prudente desperdiçar um só momento. Parece-me que o caminho mais certo para se chegar à sabedoria é o seguinte: primeiro: definir qual é o avo que você se propõe a alcançar; segundo: não ler nenhum livro que não contribua de um ou outro modo a esse fim; terceiro: entre os livros, escolher os melhores; quarto: terminar o estudo de uma obra antes de empreender outro; e, quinto: ler de uma maneira tão ordenada que a leitura de hoje sirva para esclarecer e corroborar a de ontem30”.
Ao que se percebe Wesley era alguém que dava tanto valor às tradições quanto às Escrituras e que esperava alcançar a santidade através das boas obras que fazia. Apegou-se muito aos escritores místicos, a ponto de escrever a seu irmão Samuel, que estes o levaram a naufragar na fé.
No entanto, a fé de João Wesley não era profundamente arraigada nas Escrituras e seu coração não possuía a real certeza da salvação, e com isso ele sofria diariamente. O rapaz não havia compreendido que não eram suas obras que o levavam a Deus, mas Este que o levaria a boas obras. Mas ainda havia esperança para ele, pois não havia deixado de procurar e ele menos sabia que era o Senhor quem o encontraria.

2.5. A conversão: inicia-se o ministério avivador.

Em 1735 ouve uma expedição para a América do Norte, com o intuito de a Inglaterra fundar mais uma colônia, a de Geórgia. Junto no navio, foram também cristãos protestantes com o fim de evangelizar os que se encontrassem naquelas terras. João Wesley estava entre eles, bem como seu irmão Charles.

Pouco antes da viagem João “contou a um amigo seu as razões que o levavam a ir à Geórgia, nos seguintes termos: ‘O que mais me anima para dar esse passo é a esperança de salvar a minha alma. Ao pregar aos pagãos, espero aprender o verdadeiro significado do Evangelho de Cristo’31”.

Durante a viagem foram constantes os exercícios religiosos e procuraram auxiliar os demais viajantes. No navio havia um grupo de vinte e seis moravianos, chefiados pelo Bispo Davi Nitschmann. A animosa coragem dessa gente durante uma tempestade convenceu John Wesley de que os moravianos tinham uma confiança em Deus que ele não possuía. Muito aprendeu com eles32.
O trabalho dos irmãos Wesley não foi o mais compensador. Muitas dificuldades não permitia que a comunidade na Geórgia crescesse. Charles retornou para a Inglaterra, mas João ainda tentou. “De 1735 a 1737 Wesley serviu como capelão na colônia de Oglethorpe, na Geórgia. Ele foi obrigado a voltar porque sua liturgia cerimonialista, seu rigor para com os membros, sua ingenuidade e candura no trato com as mulheres criaram-lhe algumas dificuldades33”. Retornou para casa em 1737.

A conversão de João Wesley aconteceria cerca de um ano depois. Wesley voltou da América do Norte oprimido e abatido. Ele mesmo dizia: “Fui até a América do Norte a fim de converter os índios, mas quem me converterá a mim?34”. Finalmente chegou o dia da salvação. “Em 24 de maio de 1738, enquanto ouvia a leitura do prefacio ao Comentário de Romanos, de Lutero, Wesley sentiu seu coração estranhamente ‘aquecido’ e aceitou a Cristo como único capaz de salvá-lo de seu pecado35”.

João Wesley após a conversão partiu para a Alemanha a fim de conhecer melhor a comunidade dos moravianos e seus ensinamentos, sendo que estes foram os grandes influenciadores no fato dele ter conhecido o verdadeiro cristianismo. Ele seria devedor a eles por toda a sua vida.

Após voltar da Alemanha em setembro de 1738, João está ansioso por iniciar a obra de Deus e dedicar a Ele toda a sua vida. Porém devido sua pregação ousada e confrontadora foi proibido de pregar nos púlpitos da Igreja Anglicana. Todavia Wesley não se deixou esmorecer, foi quando proferiu uma de suas sentenças mais célebres: “O mundo é a minha paróquia”.

Nem sempre Wesley foi a favor da pregação ao ar livre, sendo que não acreditava que alguém pudesse se converter fora da igreja. Mas teve o entendimento de que quando alguém é salvo, então passa a fazer parte da igreja.

Segundo Buyers36, Whitefield era melhor pregador que João Wesley, no entanto, Wesley era melhor com as pessoas, conhecia melhor o interior dos homens e sabia tocar-lhes profundamente. Um dos segredos de sua pregação era sua personalidade.

Wesley se tornou um grande adepto da pregação ao ar livre e, em seu diário, várias vezes confirma isso. “Em domingo, 10 de outubro de 1756: Preguei à grande multidão em Moorfields, sobre: ‘Por que morrerás ó casa de Israel?’ É a pregação ao ar livre que produz bons resultados; para bons resultados, não há substituto37”.

Ele foi um pregador itinerante e transferiu esse ministério a tantos quantos estavam dispostos a caminhar com ele e apregoar a Cristo em qualquer lugar. O seu trabalho foi principalmente com leigos. “Era comum verem-se manifestações físicas em certas pessoas que assistiam às suas pregações. Às vezes, caiam, como se estivessem mortas; outras vezes, ao ouvi-lo, algumas pessoas não podiam evitar o pranto ou o riso38”.

Em seu ministério encontrou diversos obstáculos. Além de não poder pregar nos templos, ainda havia pessoas que o perseguiam e queriam detê-lo de pregar ao ar livre. Inimigos que se iravam e o acusavam de herege e louco. Pessoas que tentavam contradizer suas pregações e lançavam questões infundadas. Outros tentaram até matá-lo39.

Em seu diário ele mesmo relatou:

Sábado, 30 de agosto de 1766. Chegamos a Stallbridge, por muito tempo a sede de motins promovidos pelos seus superiores, assim chamados, para maltratar seus vizinhos pacíficos. Para que? ‘Ora, são loucos; são Metodistas’. Assim para criar juízo neles querem fazer-lhes saltar os miolos. Quebraram as suas janelas, não deixando nenhum vidro, despojaram os seus bens, e jogavam lama, ovos podres e pedras neles, quando os encontravam na rua; e nenhum magistrado, ainda mesmo solicitado, lhes mostrou consideração ou justiça. Finalmente eles me escreveram. Pedi, pois, a um advogado que escrevesse para os desordeiros; ele o fez, porém não lhe deram importância alguma. Então apelamos para o juiz. Por um motivo ou outro o caso não se processou por dezesseis meses; mas o peso caiu mais forte sobre o juiz quando foi provado que era culpado. E desde esse tempo, descoberto que ‘há leis para os Metodistas’, foram estes deixados em paz40.

2.6. O caráter de Wesley

Wesley era um homem integralmente voltado para a obra de Deus. Isso resultou no fato de ter se casado apenas em idade muito tenra, mas mesmo assim sua mulher o deixou, pois o ciúme dela ardia e não conseguia suportar que ele ficasse tanto tempo fora de casa. Ele nunca se deu bem nos relacionamentos amorosos, visto que imaginava todas as mulheres serem como era sua mãe. Pode se dizer que este foi o seu maior problema.

Quanto ao mais seu caráter era rijo e fervoroso. Era ordenado e disciplinado. Tinha como prática desde sua juventude, levantar-se todos os dias às quatro horas da manhã para fazer suas orações e estudos e, às cinco horas pregava o seu primeiro sermão. Fez isso até bem próximo de sua morte. Ia dormir às dez horas da noite todos os dias, pois dizia ser o horário de um homem de bem ir se deitar.

“O caráter de Wesley só é compreendido junto com sua piedade. Foi um grande reformador, porque era um grande cristão. O cristianismo que ele tanto propagava era o experiencial, a religião que torna o homem forte e feliz porque lhe domina a alma e a vida. Vivia à altura das virtudes que pregava41”.

O líder do avivamento inglês foi comparado a Lutero, dizia-se que Lutero era mais corajoso e audacioso, porém não muito puro, enquanto Wesley observava com destreza a santificação. “Wesley foi realmente o homem de um só livro e de uma só idéia. Esse livro era a Bíblia, e essa idéia era a salvação do pecador42”.

A despeito do caráter deste homem enfoca-se a doutrina da Perfeição Cristã, algo que ele procurou seguir todos os dias de sua vida.

Quanto ao Metodismo, “Wesley não estava interessado em fundar uma nova denominação43”. O seu interesse maior era promover o evangelho de Cristo em verdade e em amor. “Mas ainda que o movimento não pretendesse converter-se em denominação ou igreja à parte, era necessário dar-lhe uma forma organizada44”.

Logo percebemos que ainda revoltado com a falsa religião da época, o nobre Wesley não tinha como intuito se rebelar contra sua liderança anglicana, mas unicamente pregar a verdade da Palavra.
2.7. A morte de Wesley

“Wesley morreu em 1791. Após sua morte, os metodistas passaram por um longo período de lutas internas, principalmente em torno da questão de sua separação da Igreja Anglicana45”.

Na quarta feira antes de sua morte tentou falar, mas já não o entendiam, mas com ímpeto ainda ergueu seu braço e com as forças que lhe restavam disse: “O melhor de tudo é que Deus está conosco46”.

No dia seguinte após um amigo ter orado com ele, todos ali puderam ouvir suas últimas palavras levemente articuladas: “Adeus”.

A seguinte inscrição está colocada no túmulo do Sr. Wesley: ‘À memória do venerável João Wesley, A. M., Recente Membro de Lincoln College, Oxford. Esta Grande Luz raiou (pela singular providencia de Deus) para iluminar nações, avivar, fazer cumprir e defender a doutrina Apostólica e Prática da Igreja Primitiva; o que continuou fazendo, pelos seus escritos e labor por mais de meio século; e, para inexprimível alegria sua, não somente viu a sua influência estender-se, e a sua eficácia comprovada, no coração e vida de muitos milhares, assim no mundo ocidental, como nestes reinos, mas também, porque acima de todo poder humano ou expectação, viveu para ver provisão feita, pela graça singular de Deus, pela sua continuação e estabelecimento, à alegria de gerações futuras!

Depois de definhar-se por poucos dias, terminou ele afinal seu curso e sua vida juntos; triunfou gloriosamente sobre a morte, em 2 de março de 1791, no octogésimo oitavo ano da sua idade’47.

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