sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ESTADISTA DA FÉ: John Wesley (1703 - 1791), Fundador do movimento metodista.


JOHN WESLEY, ESTADISTA E REFORMADOR
Por que descrever Wesley como estadista e não apenas como um herói da fé como fez Orlando Boyer? Excesso de zelo ou fanatismo idólatra?
Nenhuma das duas coisas. O termo estadista não se aplica somente apenas a quem é delegada a fundação de gerir a coisa pública, mas a todo aquele que exerce uma posição de influência e liderança em sua sociedade, seja ele um político, um intelectual, um sacerdote ou uma liderança comunitária, como disse o economista austríaco Friedrich von Hayek. Em suma, o estadista é quem efetivamente cuida e zela pelo bem comum. E não há coisa que mais diz respeito ao bem comum que a saúde e o crescimento da Igreja de Cristo em nosso país em particular e no mundo como um todo.
Wesley viveu um tempo de transformação, fronteiro à Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Era um homem profundamente piedoso da vida espiritual e das necessidades materiais de seu povo. Sua preocupação pelos desassistidos é lendária e mesmo que tenha incorrido em alguns equívocos de visão é fato de que tal preocupação e o extremoso amor cristão que ele devotava ao próximo contribuíram para a Inglaterra se livrar do holocausto de sangue que foi a Revolução Francesa. Homem culto, que soube como poucos conciliar a fé prática e a vida espiritual com a erudição – secular e bíblica – mantendo-se firme na fé no exato momento da eclosão do movimento iluminista, Wesley não apenas compreendeu as mudanças do seu tempo, como participou ativamente delas. Nisso também reside a ação do estadista: ele acompanha as mudanças do seu tempo e orienta os seus liderados a se prepararem e atravessarem o cabo das tormentas. Quem não exerce esse magistério, seja dentro ou fora da igreja, não pode ser chamado de estadista.
Além disso, sua ênfase na efetiva conversão do crente o tornava um pregador que apenas tomava o púlpito para dizer aquilo que efetivamente Cristo espere que um ministro diga à Igreja, ou seja, a sua mensagem, o testemunho do seu amor pela humanidade e da sua morte expiatória por todos os homens. Nesse sentido ele também foi um estadista porque ao se posicionar como um testificador de Cristo para a sua geração – e de fato, nada mais do que isso – ele assumiu um papel descrito em Ageu 1.13 como sendo o de embaixador do Senhor. Duro ofício esse.
Assim, quando chamamos Wesley de estadista, não é de forma alguma para idolatrá-lo. A Igreja teve vários estadistas sendo certamente Paulo o primeiro e o maior deles por ter vivido e testificado Cristo ate o fim (II Timóteo 4.6). Wesley, como Lutero, foi apenas mais um deles, e na verdade, poder-se-ia dizer que foram tão somente discipulos daquele: Sede meus imitadores como também eu sou de Cristo (I Coríntios 11.1).

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