quarta-feira, 7 de julho de 2010

ANJOS uma perspectiva biblica e atual (Parte 03)

A ORGANIZAÇÃO ANGELICAL
Salmo 103:19-22; Colossenses 1:13-19

Introdução
A organização angelical abrange as várias categorias ou classes de anjos. À semelhança das organizações politicas existentes no mundo, com graduações e poderes maiores e menores, as coortes angelicais também possuem a sua hierarquia.
Nesta lição, estudaremos o assunto de um modo genérico, mas obedecendo a uma certa ordem.
I – Uma Hierarquia Especial de Anjos
A Bíblia dá a entender que os anjos de Deus se acham organizados de forma hierárquica, isto é, numa forma de graduação, de autoridade. Essa graduação é destacada pelo tipo de atividade que os anjos exercem em todo o Universo e na presença de Deus.
1.Arcanjo. A palavra arcanjo representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo arc, do grego arch, sugere tratar-se de um chefe, um principe, um primeiro-ministro. Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do arcanjo Miguel (Jd 9). Esse arcanjo se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel (Jd 9; Dn 12:1). O arcanjo Miguel é denominado “principe dos filhos de Israel” porque é o guardião dessa nação. Na visão apocaliptica e escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas, representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap 12:7-12).
Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a escritura não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir ao encontro do Senhor nos ares (1Ts 4:16).
2.Querubins. Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles tem com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico querub, tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela primeira vez na Biblia em Gn 3:24 no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. O que aprendemos acerca dos querubins é que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus (1Sm 4:4; 2Rs 19:15; Sl 80:1; 99:1; Is 37:16). Em Ezequiel 10, os querubins aparecem cheios de olhos e o trono de Deus está acima deles. A ligação dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam o acesso à presença de Deus. Só nos é possivel entrar no Santo dos Santos ou “Lugar Santissimo” com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb 10:19-22).
3.Serafins.O vocábulo serafim deriva do hebraico saraph e significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe de anjos aparece uma só vez na Biblia em Isaías 6:1-3. Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantêm a santidade de Deus. Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada serafim tinham funções especificas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, tem de ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. É uma forma materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque, de fato, os anjos são incorpóreos.
II – Classificação Genérica dos anjos
Denominamos “classificação genérica” porque entendemos que dentro da ordem apresentada em Romanos 8:38 e Colossenses 1:16, o apóstolo Paulo não quis dogmatizar a ordem angelical segundo o seu entendimento. De fato, o seu interesse foi o de tornar mais clara a compreensão sobre as várias classes angelicais. Outro fato importante é que algumas das classes apresentadas como arcanjos, querubins e serafins se confundem dentro dos titulos apresentados por Paulo. Os teólogos antigos tentaram classificar os anjos reunindo todas as graduações. O teólogo Dionísio, areopagita, apresentava três classes de anjos. (1) Tronos, querubins e sarafins, como pertencentes a uma classe ligada diretamente ao trono de Deus. (2) Poderes, domínios e potestade e, (3) principados, arcanjos e anjos comuns. Entretanto, essa classificação não tem respaldo biblico, dada a diversidade das várias ordens angelicais Apresentaremos uma classificação segundo a ordem dos textos de Cl 1:16 e Rm 8:38, sem nos preocupar com uma ordem definitiva.
1.Tronos (Cl 1:16). Conforme está no original grego, thronoi tem um sentido especial porque se refere a uma classe de anjos que está diretamente ligada à majestade e soberania de Deus. É possivel que os querubins estejam diretamente ligados a esse tipo de atividade real, pois alguns textos identificam os querubins com os seres sobre os quais Deus está assentado e reinando (1Sm 4:4; 2Rs 19:14; Sl 80:1; 99:1). É interessante fazer uma ligação tipológica dos anjos-tronos com os carros nos quais Deus anda e ostenta sua glória no Universo (Sl 68:17). Também encontramos essa mesma linguagem figurada acerca dos anjos comparando-os e tipificando-os “aos carros de salvação” e ainda destaca o Senhor “montado sobre cavalos” (Hc 3:8). Não há nenhum tom negativo ou humilhante nessa tipologia sobre anjos como cavalos, porque na mente antiga, os cavalos são símbolos de força e serviço. Quiséramos ser os “tronos” de Deus! Entretanto, Deus ostenta sua glória através de nós mediante a permanência do Espirito Santo em nosso ser.
2.Domínios (Cl 1:16). Em algumas versões, o termo grego kuriothes ou kuriotethoi tem o sentido de soberanias ou dominações (Ef 1:21). A classe especial de anjos dominadores tem como função principal executar as ordens de Deus sobre as coisas criadas. Paulo diz que esses anjos executam as ordens divinas sob a autoridade de Cristo. Subentende-se pelo contexto doutrinário do papel dos anjos, que essa classe denominada dominadores age de forma executiva sobre o Universo e sobre determinadas esferas espirituais.
3.Principados (Cl 1:16). Mais uma vez aquelas categorias especiais dos querubins e serafins se confundem com essas classificações de tronos, dominios, principados e potestades. Por isso, é dificil estabelecer uma ordem especifica; porém, o que está revelado acerca dessas classes de anjos nos é suficiente para entender a sua importância e o seu ministério. A palavra principados no grego biblico é archai, e refere-se a uma classe de anjos que tem poderes de príncipes. Nos reinos terrestres, os principados regem sobre territórios pertencentes ao reino. Podemos ver isto na historia de Lúcifer, o qual havia sido estabelecido como “querubim ungido para proteger” e estava no monte santo antes de sua queda. Ao mesmo tempo, parece-nos que sua posição de “querubim” é fortalecida e acrecida por outra posição de “principado”. Supõe-se que ele governava o planeta na posição de “principado”, e só perdeu essa posição quando se rebelou contra o Criador e Senhor (Is 14:13; Ez 28:16; Ap 12:9). Devemos também considerar um outro “principe” chamado Miguel, referido na Biblia como “um dos primeiros príncipes” de Deus (Dn 10:13).
4.Potestades (Cl 1:16). Potestades referem-se a anjos especiais que executam tarefas especiais da parte de Deus. Não se trata de poderes angelicais isolados, mas são chamados “potestades” porque foram investidos de uma autoridade especial. Vários exemplos se destacam na Biblia das ações poderosas dessa classe de anjos. Um destes anjos foi enviado por Deus para destruir a cidade de Jerusalém e só parou sua destruição quando Deus lhe ordenou que guardasse a sua espada (1Cr 21:15-27). O salmista Davi destaca anjos que são “magnificos em poder” (Sl 103:20). Isto revela que esses anjos pertencem a uma classe de seres poderosos, mas não onipotentes. A onipotência é atributo único do Deus Trino, por isso, nenhuma criatura jamais teve nem terá poderes totais. A magnitude do poder dessas potestades se limita ao nivel da capacitação dada por Deus para o cumprimento de suas obrigações.
Conclusão
Nesta lição, aprendemos que tudo no céu é organizado, porque “Deus não é Deus de confusão” (1Co 14:33). A prova mais evidente da organização angelical está nos vários titulos e nomes dados aos anjos, indicando, desse modo, as varias classes angelicais. Aprendemos, também, que no mundo espiritual existem dois lados distintos. De um lado estão os anjos de Deus e do outro lado estão os demônios, que são anjos caidos. Os seres angelicais, de ambos os lados, desenvolvem uma relação com os seres humanos; da parte de Deus, os seus anjos ministram a favor dos santos no mundo; da outra parte, os demônios executam suas ordens contra os santos em Cristo. Precisamos aprender a discernir e distinguir esses seres angelicais.

Questionário
1.As varias classes angelicais podem ser dogmatizadas como definitivas ou elas são variáveis?
2.De quantos arcanjos a Bíblia fala?
3.Como se chama o arcanjo guardião de Israel?
4.Qual a função dos serafins?
5.Em quantas passagens são os serafins mencionados na Biblia?

(EXTRAÍDO da revista “Lições Bíblicas” Jovens e Adultos – ANJOS uma perspectiva biblica e atual)

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