sábado, 27 de dezembro de 2008

O Perfil do Verdadeiro Cidadão dos Céus

O PERFIL DO VERDADEIRO CIDADÃO DOS CÉUS
Salmo 15:1-5
INTRODUÇÃO
No Salmo 15, encontramos preciosas lições sobre o caráter e o perfil do verdadeiro cidadão dos céus. O crente tem dupla cidadania. Uma, terrestre; e outra, celestial. Para ser cidadão da terra, é necessário que possa exercer os seus deveres e direitos civis. Mas para ser cidadão do céu, as qualificações requeridas são muito mais elevadas.
I. Uma Pergunta Pertinente
Cremos que Davi estava em atitude de oração ao ser levado a perguntar a Deus: “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo?” (v.1a). Com esta pergunta, o salmista obteve mais do que uma resposta para si mesmo. Obteve uma revelação das qualidades necessárias a todos os que querem ir para o céu.
1. Quem habitará no tabernáculo de Deus? O salmista conhecia o tabernáculo terrestre, que fora construido no deserto. Era um lugar santo. Aí, manifestava-se a presença de Deus. Davi também sabia da existência de um tabernáculo melhor, eterno, nos céus. Mas queria saber quem seriam os seus babitantes.
Perguntas semelhantes foram feitas a Jesus. O jovem rico perguntou-lhe o que deveria fazer para herdar a vida eterna (Lc 18:18). O carcereiro de Filipos fez idêntica indagação a Paulo e a Silas (At 16:30). Mathew Henry (Livros Poéticos, p. 54) compara a Igreja Militante ao tabernáculo do deserto, pois era um lugar de reunião que estava sempre em movimento.
2. Quem morará no teu santo Monte? Em Israel, havia muitas cidades e aldeias. Entretanto, era um privilégio morar no Monte Sião. No tempo de Neemias, só dez por cento dos habitantes tiveram o privilégio de morar em Jerusalém. Foram abençoados os que passaram a residir ali (Ne 11:1-2). Para Mathew Henry, o Monte Sião é uma figura da Igreja Triunfante: jamais será abalada. Os crentes fiéis estarão para sempre na Nova Jerusalém (Ap 21:2-3).
II. A Resposta Esclarecedora
No salmo em estudo, encontramos 11 (onze) qualidades que indicam o perfil do verdadeiro cidadão dos céus.
1. Qualificações diante de Deus (v.2a).
a) Ainda em sinceridade. Esta é uma qualidade do verdadeiro cidadão do céus, demonstrada, primordialmente, diante de Deus. Em Gênesis 17:1, Deus ordenou a Abraão: “...anda na minha presença e sê perfeito”. Isso equivale a ser integro diante do Senhor. A palavra hebraica para integridade é tamim, significando que o individuo integro é aquele que diz o que faz e faz o que diz (Tg 2:12). O apóstolo Paulo faz idêntioca exortação: “Procura apresentar-se diante de Deus aprovado” (2Tm 2:15).
b) Pratica a justiça. A justiça emana de Deus. O crente só consegue viver bem diante do Senhor, se tiver a justiça divina. Noé foi um exemplo de homem que pratica a justiça e a retidão (Gn 6:9). Davi conhecia a Deus como o verdadeiro Pastor, pois somente Ele (Deus) pode nos guiar pelas veredas da justiça (Sl 23:3b).
2. Qualificações diante dos homens. Estas qualificações referem-se ao comportamento, ou conduta ética, do cidadão dos céus diante dos homens, sejam estes salvos ou não. Refletem o caráter ideal do servo de Deus. Tais qualidades podem servir de parâmentro para a nossa auto-avaliação. Devemos julgar a nós mesmos (1Co 11:28,31).
a) Fala a verdade. O cidadão dos céus chegou a essa condição porque, um dia, creu na verdade (Jo 14:6b). Ele foi liberto pela verdade (Jo 8:32). Passou a adorar a Deus “em espirito e em verdade” (Jo 4:24). Foi santificado pela verdade (Jo 17:17). Em consequência, tem como característica básica ser pessoa que só fala “verazmente segundo o seu coração” (v.2b).
b) Não difama o próximo (v.3a). Difamar vem do Latim (diffamare), significando “tirar a boa fama ou o crédito”, falar mal de alguém. E isto é crime! O verdadeiro cidadão dos céus, o crente realmente salvo, não age assim. Se ele não poder falar bem do seu próximo (crente ou não), não há de falar mal. Tiago exorta a que não falemos mal uns dos outros (Tg 4:11).
c) Não faz mal ao próximo (v.3b). Fazer mal é próprio dos malignos, dos maldosos, dos impios, que “...não dormem, se não fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem tropeçar alguém” (Pv 4:16). O cidadão dos céus demonstra, em todos os aspectos de sua vida, cultivar a benignidade, qualidade daquele que só faz o bem. Fazer o mal, no texto, tem um sentido amplo: refere-se a qualquer tipo de atitude que venha a prejudicar o próximo em qualquer circunstância, quer no aspecto moral, quer no social, quer no espiritual ou fisico. Quem faz o mal colherá o fruto do que anda semeando (Gl 6:7).
d) Não aceita afronta contra o seu próximo (v.3c). Afronta quer dizer ofensa, ultraje, humilhação, de modo agressivo, de uma pessoa contra outra. O cidadão do céu é capaz de suportar a afronta contra si mesmo, demonstrando o fruto do Espirito, da longanimidade, mas não “aceita nenhuma afronta contra o seu próximo”. O “espirito de fuxico” não pode existir no meio dos crentes em Jesus. O “disse-quie-disse” é instrumento utilizado pelo diabo para semear a intriga e a discórdia entre os irmãos. Numa casa de crentes, vimos certa vez um quadro, logo na entrada, em que estava inscritos “Aqui não se fala mal dos irmãos. Ora-se por eles”.
e) Despreza o réprobo (v.4a). Réprobo é sinônimo de reprovado, mal, perverso. O cidadão dos céus não pode aprovar, por ação ou omissão, o comportamento dos impios. Deve amá-los, espiritualmente, como Cristo os ama, mas desprezá-los em suas práticas pecaminosas. Neemias, ouvindo o falso convite de Sambalate, Tobias e Gesém, logo os desprezou: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer” (Ne 6:2-3). Jesus, diante da ameaça de Herodes, um governante reprobo, desprezou-o de imediato, chamando-o de raposa (Lc 13:32).
f) Honra aos que temem a Deus (v.4b). Os que temem a Deus, de modo geral, estão entre os que são considerados “como lixo deste mundo e como a escória de todos” (1Co 4:23). Desse modo, só quem está em condições de honrar aos que temem a Deus são os verdadeiros cidadãos do céu. Os pais crentes devem amar e honrar a seus filhos; estes devem honrar a seus pais; os esposos devem honrar as esposas e vice-versa; os fiéis devem honrar os pastores e estes aos fiéis.
g) Cumpre os seus compromissos (v.4c). O texto do salmo diz: “aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda”. No AT, as pessoas faziam juramento diante de contratos e acordos. No Novo Testamento, vemos que Jesus nos ensinou a não jurar nem pelo céu nem pela terra (Mt 5:34). Ele exortou seus seguidores a serem pessoas íntegras no cumprimento da palavra, dizendo: “Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não, por que o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5:37). Uma pessoa, que se diz cristã, e compra e não paga; pede dinheiro emprestado, prometendo pagar tal dia e, depois, fica evitando o credor, não é cidadã do céu. Que Deus guarde as igrejas desse tipo de gente.
h) Não empresta seu dinheiro com usura (v.5a). Pedir dinheiro emprestado não é coisa boa (Ver Pv 22:7). Às vezes, porém, certas circunstâncias obrigam o crente a fazê-lo. Se tivermos condições de ajudar alguém, concedendo-lhe um empréstimo, devemos fazê-lo de modo cristão e compassivo (Sl 37:26), sem explorar o próximo, nem lhe cobrando a usura.
i) Não aceita suborno (v.5b). Suborno quer dizer peita, corrupção. Subornar é dar dinheiro para conseguir alguma coisa que vá de encontro à moral e aos principios cristãos. O cidadão do céu jamais aceita tal prática seja contra o culpado e muito menos contra o inocente. No AT, o suborno era condenado com rigor (Is 1:23; 5:23; Ez 22:12). No mundo sem Deus, a prática do suborno é quase a regra. Mas, como cidadãos dos céus, devemos condenar esta prática.
III. A Promessa ao Cidadão do Céu
Seis palavras apenas são usadas, no final do salmo, para descrever o galardão do verdadeiro cidadão do céu: “quem faz isto nunca será abalado”. Isto é, quem age de acordo com as qualidades do verdadeiro cidadão dos céus, jamais sofrerá qualquer abalo. Jesus deixou bem claro que não é aquele que diz: “Senhor, Senhor!” que entrará no Reino do céus, mas o que faz a vontade de Deus (Mt 7:21).
O Senhor Jesus disse que muitos, naquele dia, alegarão que profetizaram, expulsaram demônios e até fizeram “muitas maravilhas” no seu nome (Mt 7:22). Mas tudo em vão, pois, embora agissem como se fossem justos, no íntimo, eram falsos crentes. Hoje, há pessoas que se admiram com as “maravilhas” que estão acontecendo por aí, em certos movimentos religiosos. Mas a promessa de Deus não é para quem opera milagres, nem para quem enche igrejas; é para quem tem e pratica as qualidades do verdadeiro cidadão dos céus.
Conclusão
Ser cidadão dos céus, ao mesmo tempo em que se é cidadão da terra, não é coisa fácil. Estamos num mundo em que a corrupção campeia por toda a parte, e, infelizmente, tem atingido até mesmo o meio evangélico em alguns casos. Contudo, conhecendo as qualidades do verdadeiro cidadão dos céus, devemos esforçar-nos, pedindo a Deus que nos ajude não só a entendê-las, mas a colocá-las em prática em nosso viver diário.
QUESTIONÁRIO
1. Quantas qualidades do cidadão dos céus são apresentadas no salmo?
2. Quais as qualidades do cidadão dos céus diante de Deus?
3. Que significa difamar?
4. Qual o ensino de Jesus sobre o juramento, em Mt 5:34?
5. Como deve ser o falar do crente?
(EXTRAÍDO da “Lições Bíblicas” Jovens e Adultos 3 Trimestre de 1997)

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