quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sermão 29 - Sobre o Sermão do Monte - Discurso 9 (João Wesley)

SERMÃO XXIX.– Sobre o Sermão do Monte.

Discurso 9

“Ninguém pode servir a dois senhores; pois ou há de aborrecer a um e amar ao outro, ou há de unir-se a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. Por isso vos digo: não andeis cuidadosos da vossa vida pelo que haveis de comer ou beber, nem do vosso corpo pelo que haveis de vestir; não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta; não valeis vós muito mais do que elas? Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um cúbito à sua estatura? Por que andais ansiosos pelo que haveis de vestir? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Se Deus, pois, assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Assim, não andeis ansiosos, dizendo: que havemos de comer? ou: que havemos de beber? ou: com que nos havemos de vestir? (Pois os gentios é que procuram todas estas coisas); porque vosso Pai celestial sabe que precisais de todas elas. Mas buscai primeiramente o seu reino e a sua justiça e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não andeis, pois, ansiosos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado: ao dia bastam os seus próprios males.” (Mt 6.24-34)

1. Está escrito que as nações colocadas nas cidades de Samaria pelo rei da Assíria, após o cativeiro de Israel, “temiam ao Senhor e serviam a seus próprios deuses”. “Essas nações”, diz o escritor inspirado, “temiam ao Senhor”, prestando a Ele serviço exterior (o que plenamente prova que elas tinham temor de Deus, embora não segundo o conhecimento), “e serviam a suas imagens esculpidas, eles, seus filhos e os filhos de seus filhos: como fizeram seus pais, assim o fazem eles até o dia de hoje”. (2Rs 17.33ss)

Como a prática dos cristãos mais modernos se aproxima da conduta dos antigos pagãos! “Eles temem ao Senhor”; também prestam externo serviço a Ele, por este meio provando que têm algum temor de Deus; mas esses cristãos do mesmo modo “servem a seus próprios deuses”. Há os que “lhes ensinam”, como havia quem ensinava aos assírios, “a maneira do deus da terra”, o deus cujo nome aquele país até hoje traz, e que era ali cultuado com um rito divino: “todavia”, não servem somente a ele; não o temem, em conseqüência, em medida absoluta; “cada nação”, porém, “acumula deuses para seu próprio uso, cada nação nas cidades em que habita”. “Essas nações temem ao Senhor”; não negligenciam o culto exterior devido a Ele; mas “servem a suas imagens de escultura”, prata e ouro, obra das mãos humanas: dinheiro, prazeres, elogios, os deuses deste mundo; partilham seus serviços, até a última extremidade, com o Deus de Israel. Esta é a conduta tanto de “seus filhos como dos filhos de seus filhos; como fizeram seus pais, assim o fazem eles até o dia de hoje.”

2. Posto que, falando de modo geral, segundo a maneira comum dos homens, aqueles pobres pagãos se diziam “tementes a Deus”, observamos que o Espírito Santo imediatamente acrescenta, falando conforme à verdadeira e real natureza das coisas: “Eles não temiam a Deus, nem faziam segundo o mandamento que o Senhor ordenou aos filhos de Jacó, com quem o Senhor celebrou um concerto, e lhes recomendou, dizendo: não temereis outros deuses, nem os servireis; mas ao Senhor vosso Deus temereis, e Ele vos livrará das mãos de vossos inimigos”.

Igual juízo é proferido pelo infalível Espírito de Deus, e mesmo, na verdade, por quantos tenham os olhos do entendimento abertos à compreensão das coisas de Deus, contra aqueles pobres cristãos, assim comumente chamados. Se falarmos segundo a real natureza das coisas, “eles não temem a Deus, nem a Ele servem”, visto que não obram “segundo o pacto que o Senhor fez com eles, nem de acordo com a lei e o mandamento que Ele havia ordenado, dizendo: Darás culto ao Senhor teu Deus e somente a Ele servirás”. “Servem a outros deuses até o dia de hoje”. E “ninguém pode servir a dois senhores”.

3. Como é vão alguém intentar isto: servir a dois senhores! Não é fácil prever qual seja a conseqüência inevitável de semelhante empresa? “Aborrecerá a um e amará o outro, ou apegar-se-á a um e desprezará o outro”. As duas partes desta sentença, embora separadamente enunciadas, devem ser entendidas em conjunto, pois que a última decorre da primeira. Naturalmente se apegará o servo àquele a quem ama. Tão estreitamente se ligará a ele, que lhe prestará serviço fiel, diligente e de boa vontade, enquanto que, em relação ao senhor a quem aborrece, despreza-o, a ponto de negar atenção às suas ordens e, se de algum modo lhe obedece em qualquer coisa, fá-lo de maneira negligente e descuidada. Assim, todos os homens de senso concluirão: “Não podemos servir a Deus e a Mamon”.

4. Mamon era o nome de um dos deuses pagãos, que se acreditava ser o padroeiro das riquezas, como tais compreendidos os valores em espécie, como ouro e prata, ou, em geral, dinheiro e, por extensão, as coisas adquiridas pelo dinheiro, como bem-estar, honras e prazeres sensuais.

Que deveremos entender por servir a Deus e por servir a Mamon?

Não podemos servir a Deus sem crermos nele. A crença é o único fundamento verdadeiro do serviço a Deus. Assim, crer em Deus, “reconciliando o mundo consigo mesmo mediante Jesus Cristo”; crer nele como um Deus que ama e perdoa, é o primeiro e grande ramo de seu serviço.

Isto posto, crer em Deus implica em confiar nele como a nossa fortaleza, sem a qual nada podemos fazer; como quem nos reveste, a cada momento, do poder do Alto, sem o qual impossível se torna agradar-lhe; como nosso auxílio, nosso refúgio único no tempo da provação, pondo em nossos lábios cânticos de livramento; como nosso escudo, nossa defesa, e o que nos levanta a cabeça acima de todos os inimigos que nos rodeiam.

Implica em confiar em Deus como nossa felicidade, como o alvo dos espíritos, o descanso único de nossas almas, o único bem adequado a todas as nossas capacidades e suficiente para satisfazer a todos os desejos que Ele nos dê.

Implica, em outras palavras, em confiar no Senhor como nosso fim, ter os olhos postos nele quando encaramos todas as coisas, usar todas as coisas apenas como meios de lhe agradar: onde quer que estejamos, ou o que quer que façamos, ver o invisível a olhar-nos com complacência – e fazer que todas as coisas se refiram a Deus, em Jesus Cristo.

5. Crer é, pois, a primeira coisa que devemos compreender por servir a Deus. A segunda é amá-lo.

Amar a Deus, no sentido das Escrituras, da forma requerida de nós pelo próprio Deus, o qual, para tornar viáveis seus desígnios, opera em nós para que assim o amemos, é amá-lo como o ÚNICO DEUS, isto é, de todo nosso coração, de toda nossa alma, de todo nosso entendimento e de toda a nossa força”; e desejar somente a Deus por sua própria causa, e a nenhuma outra criatura, a não ser com referência a Ele; alegrar-se em Deus; deleitar-se no Senhor; não apenas buscar, mas nele encontrar a felicidade; considerar a Deus como o principal entre dez milhares; nele descansar, como nosso Deus e nossa plenitude; numa palavra: ter uma tal posse de Deus que nos faça sempre felizes.

6. Uma terceira coisa temos a entender por servir a Deus: imitá-lo ou sermos semelhantes a Ele.

Assim pensava o antigo pai da Igreja: Optimus Dei cultus, imitari quem colis: “o melhor culto ou serviço prestado a Deus e imitar Aquele a quem adorais”.

Aqui falamos de imitação e semelhança em sentido espiritual: no espírito é que a imitação de Deus, por parte do cristão, começa. “Deus é Espírito”; e aqueles que o imitam ou a Ele se assemelham, devem fazê-lo “em espírito e verdade”.

Deus é amor: assim, os que a Ele se assemelham em espírito, são transformados segundo a mesma imagem. São misericordiosos como Deus é misericordioso. Sua alma é toda amor. São bondosos, benévolos, compassivos, de coração terno, e isto não só no trato com os bons e delicados, mas ainda no trato com os perversos. São, como Deus, amigos de todos os homens e sua misericórdia se estende a todas as suas obras.

7. Mais uma coisa devemos entender por servir a Deus, e esta é – Obedecer-lhe, glorificando-o com nossos corpos e com nossos espíritos; guardando seus mandamentos externos; fazendo zelosamente o que Ele prescreve; evitando cuidadosamente o que Ele proíbe; cumprindo as ações ordinárias da vida com olhos simples e coração puro e oferecendo-as em santo, fervente amor, como sacrifícios a Deus, mediante Jesus Cristo.

8. Consideremos agora o que devemos compreender, por outro lado, como servir a Mamon. Primeiramente, isto implica em confiar nas riquezas, no dinheiro, ou coisas que por este se possam comprar, como se fossem nossa força, o meio pelo qual podemos fazer tudo quanto temos em vista; confiar nelas como nosso auxilio, pelo qual esperamos ser confortados em nossas tribulações ou delas libertados.

Isto implica em confiar no mundo como doador da felicidade; em acreditar que “a vida de um homem”, o conforto de sua vida, “consiste na abundância dos bens que ele possua”; no procurar descanso em coisas visíveis, contentamento nas coisas exteriores; esperar nas coisas do mundo aquela satisfação que jamais será encontrada fora de Deus.

Se assim fazemos, nada menos fazemos do que guindar o mundo às alturas de nosso fim, nosso fim último, senão de tudo, ao menos de grande parte de nossos empreendimentos, de nossas ações e desígnios, através dos quais somente ambicionamos aumento de riqueza, obtenção de prazeres e honras, ganho de bens temporais em maior escala, sem nenhuma referência às coisas eternas.

9. Servir a Mamon implica, em segundo lugar, em amar ao mundo, desejando-o por seus próprios méritos, pondo nossa alegria em suas obras e nestas descansando nosso coração; procurando nele aquilo que nele não se pode encontrar, isto é, nossa felicidade; descansar todo o peso de nossa alma sobre a haste quebrada desse caniço, embora a ti experiência cotidiana demonstre que ele não a pode suportar, mas apenas “nos entrará na mão, traspassando-a”.

10. Assemelhar-se, conformar-se ao mundo, é a terceira coisa que devemos entender por servir a Mamon. Termos não apenas desejos, mas inclinações, afeições, adaptáveis aos desejos, inclinações e afeições do mundo; sermos de mente terrena, sensual, encadeada às coisas da terra; sermos voluntariosos, desordenados, amantes de nós mesmos, pensando exageradamente de nossos próprios talentos; desejar alguém os aplausos dos homens e deleitar-se neles; temer, evitar e aborrecer censuras; impacientar-se em face de advertências, facilmente sentir-se ofendido e estar pronto a retribuir o mal com o mal.

11. Servir a Mamon é, finalmente, obedecer ao mundo, conformar-se exteriormente com suas máximas e costumes; andar como andam os outros homens, pela estrada comum, pelo caminho largo, liso, batido; estar na moda; seguir a multidão; fazer como faz o resto de nossos vizinhos, isto é, fazer a vontade da carne e da mente, lisonjear nossos apetites e instintos; sacrificar-nos a nós mesmos; visar nossa comodidade própria e nosso prazer, no curso geral de nossas palavras e ações.

Que há de mais inegavelmente claro do que o não podermos, assim, servir a Deus e a Mamon?

12. Qualquer homem não vê que não se pode servir aos dois a vontade? Que o equilibrar-se entre Deus e o mundo é o meio mais certo de decepcionar a ambos, acabando por não ter apoio em nenhum dos dois? Que posição incômoda a daquele que tendo temor de Deus mas não amor; que, servindo-o, mas não de todo coração – possui apenas as fadigas mas não as alegrias da religião! Ele tem bastante religião para fazê-lo miserável, mas não a tem em grau necessário para fazê-lo feliz; sua aspiração religiosa não permite que ele goze o mundo, e o mundo não o deixa deleitar-se em Deus. Assim, claudicando entre ambos, perde a ambos – e não tem paz nem em Deus, nem no mundo.

13. Qualquer homem não vê que, procedendo logicamente consigo mesmo, não pode servir a ambos? Que inconsistência mais berrante pode ser concebida, que inconsistência que mais visivelmente transpareça de todas as suas maneiras, do que a do que está esforçando-se por obedecer a ambos esses senhores lutando “por servir a Deus e a Mamon”? Ele é, na verdade, um pecador que “anda em dois sentidos,” dando um passo à frente e outro para trás. Está continuamente construindo com uma das mãos e demolindo com a outra. Ama o pecado e odeia-o; anda sempre buscando a Deus e dele sempre se afastando. Quer e não quer. Não é o mesmo homem durante um dia; não; nem por uma hora seguida. É um mosaico de todas as espécies de contrariedades; um amontoado de contradições confundidas em uma. Oh! sê consistente contigo mesmo, seguindo um ou outro caminho! Volta para a direita ou para a esquerda. Se Mamon é deus, serve-o; se o Senhor o é, serve-o. Mas não penses nunca em servir a nenhum dos dois, a não ser que faças de todo o teu coração.

14. Não vê todo homem que não pode haver possibilidade de servir a Deus e a Mamon, visto existir o mais absoluto antagonismo, a mais irreconciliável inimizade entre eles? O antagonismo das coisas mais opostas da terra, entre fogo e água, trevas e luz, resolve-se em nada, quando comparado com a irreconciliabilidade existente entre Deus e Mamon. Assim, qualquer que seja o serviço que prestes a um, necessariamente renuncias ao outro. Crês em Deus através de Cristo? Confias nele como tua fortaleza, teu auxilio, teu escudo e tua recompensa inexcedível? Como tua felicidade, teu alvo em tudo, acima de todas as coisas? Então não podes confiar nas riquezas. É de todo impossível que o possas, se tiveres aquela fé em Deus. Confias ainda nas riquezas? Negaste, então, a fé. Não confias no Deus vivo. Amas a Deus? Buscas tua felicidade em Deus e a encontras nele? Então não podes amar ao mundo, nem as coisas do mundo. Estás crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ti. Amas ao mundo? Estão as tuas afeições concentradas nas coisas cá de baixo? Buscas a felicidade nas coisas terrenas? Então é impossível que ames a Deus. O amor do Pai não existe em ti. Assemelhas-te a Deus? És misericordioso como teu Pai é misericordioso? Estás sendo transformado, pela renovação de tua mente, segundo a imagem daquele que te criou? Neste caso não te podes conformar com o mundo presente. Deves ter renunciado a todas as suas afeições e desejos. Estás de acordo com o mundo? Tua mente traz ainda a imagem do que é terreno? Não foste, logo, renovado no espírito de tua mente. Não trazes a imagem do celestial. Obedeces a Deus? Tens cuidado de fazer sua vontade na terra como os anjos fazem-na nos céus? Então é impossível que obedeças a Mamon. Lanças ao mundo um desafio. Pisas suas máximas e costumes debaixo dos pés e não queres segui-los, nem seres arrastado por eles. Segues o mundo? Vives como os demais homens? Agradaste a ti mesmo? Não podes, em conseqüência, ser um servo de Deus. Pertences a teu senhor – e pai – o diabo.

15. Portanto, “darás culto ao Senhor teu Deus e a Ele somente servirás.” Abrirás mão de qualquer idéia de obedecer a dois senhores, de servir a Deus e a Mamon. Não proporás a ti. Não buscarás na terra ou no céu objeto outro que não seja Deus; não terás outra ambição que não seja conhecer e amar a Deus e dele gozar. E, uma vez que esta é toda a tua preocupação na terra, o único objetivo que podes razoavelmente ter, o único desígnio que te empolga em todas as coisas – “Por isso te digo” (corno nosso Senhor continua seu discurso): “não andes cuidadoso de tua vida, sobre o que hás de comer ou beber; nem, quanto ao corpo, quanto ao com hás de cobrir.” Profunda e valiosa exortação que importa consideremos bem e compreendamos com justeza.

16. Nosso Senhor aí não exige que fiquemos inteiramente alheios ao pensamento acerca do que concerne a esta vida. A conduta displicente, descuidada, está muito longe da religião de Jesus Cristo. Também não se exige que sejamos “preguiçosos em negócios” ou negligentes e proteladores. Isto é, do mesmo modo, contrário a todo o espírito e à índole de sua religião. O cristão aborrece tanto a preguiça como aborrece a embriaguez; e tanto foge da ociosidade como do adultério. Ele bem conhece que há uma espécie de pensamento e cuidado com que Deus se agrada; que é absolutamente necessário ao implemento de obras exteriores a que a providência de Deus chamou cada homem.

A vontade de Deus é que todo homem trabalhe e assim coma o seu pão; mais: que todo homem sustente a si próprio e aos de sua casa. É também vontade sua que “não devamos coisa alguma a ninguém, mas que procedamos honestamente à vista de todos os homens.” Isto não pode ser feito sem preocupação de espírito e sem que algum cuidado nos sobrecarregue a mente. Com freqüência acontece que tais encargos nos levam mesmo a longas e sérias meditações, a intensa e profunda preocupação. Conseqüentemente, essa diligência em angariar o necessário a nos mesmos e aos nossos, esse cogitar de meios pelos quais cheguemos a solver os nossos compromissos, o Senhor não os condena; são até coisas aceitáveis à vista de Deus nosso Salvador.

É bom e aceitável a Deus que nos preocupemos com os negócios que nos defrontam, tendo clara compreensão daquilo que empreendemos e planejando nossas atividades antes de as encetarmos. E é justo que consideremos cuidadosamente, de tempo em tempo, os passos que tivermos de dar, a fim de que tudo preparemos de antemão, de modo a conduzir a vida do modo mais eficiente. Semelhante cuidado, que alguns chamam “preocupação de espírito,” não era intenção do Senhor condenar.

17. O que Jesus aí condena é o cuidado do coração; o ansioso, inquieto cuidado; o cuidado que traz tormento; todo cuidado que arruína a alma ou o corpo. O que Ele proíbe é aquele cuidado que, segundo mostra a experiência, envenena o sangue e conturba o espírito; que antecipa todas as misérias que se temem, vindo elas atormentar-nos antes do tempo. Ele somente proíbe o cuidado que intoxica as bênçãos de hoje por medo do que possa acontecer amanhã; que não permite o gozo da presente abundância graças às apreensões acerca de futuras faltas. Semelhante cuidado é não apenas uma enfermidade dolorosa, uma doença cruel da alma, mas uma odiosa ofensa a Deus. É um pecado do mais escuro negrume. É uma alta afronta ao gracioso Governador e sábio Ordenador de todas as coisas, porque implica necessariamente em insinuar que o grande Juiz não julga retamente e não dirige bem todas as coisas; implica em que Ele falhe, quer em sabedoria, se não sabe o de que necessitamos, quer em bondade, se não provê as coisas para todos os que nele põem a sua confiança. Guardai-vos, pois, de encaminhar o pensamento nessa direção: não andeis ansiosamente cuidadosos de coisa nenhuma. Não tenhais pensamentos inquietantes: esta é uma regra segura. Cuidado ansioso é cuidado errôneo. Com os olhos simples voltados para Deus, fazei tudo aquilo que se relaciona com a provisão de coisas honestas à vista de todos os homens; depois, descansai tudo nas mãos de Deus, que são mais excelentes; abandonai a Deus tudo quanto possa sobrevir.

18. “Não alimenteis pensamentos” dessa espécie, nenhum pensamento ansioso, mesmo em relação “à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou haveis de beber, nem pelo corpo, sobre o com que haveis de cobrir-vos. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido”? Se, pois, Deus vos concede a vida, o dom maior, não vos dará o alimento para o sustentar? Se Ele vos deu o corpo, que dúvida haverá quanto ao vestuário para o cobrir? Mui especialmente se vos destes a Ele, servindo-o de todo o coração. “Eis” diante de vossos olhos “as aves dos céus: elas não semeiam nem ceifam, nem ajuntam em celeiros”; e contudo nada lhes falta, pois que “vosso Pai celestial as alimenta. Não valem vós muito mais do que elas?” Vós, que sois criaturas racionais de Deus, não sois de muito maior valia a seus olhos? Não sois de categoria superior na escala dos seres? “E qual de vós, afadigando o espírito, pode acrescentar um cúbito à sua estatura?” Que proveito tendes então nessa ânsia de pensamento? É de todo modo uma coisa infrutífera e estéril.

“E por que andais ansiosos pelo vestuário?” Não tendes uma censura diária em tudo sobre que demorais os olhos? “Considerai os lírios do campo, como crescem; eles não fiam, nem tecem; e contudo vos digo que nem Salomão, em toda sua glória, se vestiu como um deles. Se, pois, Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno” (é cortada, queimada e não mais vista), “não vestirá melhormente a vós, ó vós que sois de diminuta fé?”, vós, a quem Ele fez para duração perpétua e para imagem de sua própria eternidade? Somos, na verdade, de pequenina fé; de outro modo não duvidaríamos de seu amor e cuidado; não, nem por um momento sequer.

19. “Assim, não andeis ansiosos, dizendo: que comeremos,” se não ajuntarmos tesouros sobre a terra? “Que beberemos,” se servirmos a Deus de toda a nossa força, se nossos olhos estiverem simplesmente postos nele? “Ou, com que nos cobriremos,” se não nos conformarmos com este mundo, se desapontarmos àqueles de quem poderíamos alcançar vantagens? “Todas essas coisas buscam os gentios” – os pagãos, que não conhecem a Deus. Mas, quanto a vós, “vosso Pai celestial sabe que tendes necessidade de todas essas coisas.” E Ele vos indicou um caminho infalível para serdes constantemente supridos de tudo: “Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

20. “Buscai primeiramente o reino de Deus”: antes de dardes lugar a qualquer outra preocupação ou ansiedade, seja vosso cuidado o cuidado de que o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (que “entregou seu unigênito Filho,” para que, nele crendo, “não pereçamos, mas tenhamos a vida eterna”), impere em vosso coração, manifeste-se em vossa alma e nela habite e reine; que esse especial cuidado “exclua toda eminência que se exalte contra o conhecimento de Deus e escravize todo o pensamento à obediência de Cristo.” Que só Deus tenha domínio sobre vós: que Ele governe sem competidor, que Ele possua todo o vosso coração e o administre sem oposição. Seja Ele o vosso único desejo, vossa alegria, vosso amor, de modo que tudo quanto haja em vós brade sem cessar: “Reina o Senhor Deus Onipotente!”

“Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça”: A justiça é o fruto do reinado de Deus no coração. E que é justiça, senão amor, amor de Deus e de toda a humanidade, decorrendo da fé em Jesus Cristo, e produzindo humildade de espírito, doçura, afabilidade, longanimidade, paciência, morte para o mundo, e toda disposição correta de coração, no que concerne a Deus e no que respeita ao homem? Essas disposições produzem todas as ações santas, as quais, sejam amáveis ou de boa fama, sejam obras de fé ou trabalho de amor, são, todas elas, aceitáveis a Deus e proveitosas ao homem.

“Sua justiça” – é ainda toda sua justiça: é sua própria dádiva feita a nós, em atenção a Jesus Cristo, o Justo, por meio de quem ela nos foi adquirida; e é a sua obra, que só Ele opera em nós, por inspiração do Espírito Santo.

21. Talvez que, observando bem este ponto, maior luz se projete sobre algumas outras partes das Escrituras, nem sempre entendidas claramente por nós. Paulo, falando em sua Epístola aos Romanos acerca da incredulidade dos judeus, diz: “Eles, sendo ignorantes da justiça de Deus, e querendo estabelecer sua própria justiça, não se submeteram à justiça de Deus.” Creio que o sentido dessas palavras é este: eles eram “ignorantes da justiça de Deus,” não somente da justiça de Cristo, imputada a todo crente, pela qual todos os seus pecados são cancelados e o pecador é restaurado no favor de Deus; mas (o que parece ser ali mais imediatamente ensinado), eram ignorantes daquela justiça interior, daquela santidade de coração, que é com mais propriedade chamada “justiça de Deus;” sendo ao mesmo tempo livre dom mediante Cristo e sua própria obra realizada pelo Todo-poderoso Espírito. E porque eram “ignorantes” disto, chegaram ao extremo de “estabelecer sua própria justiça.” Labutavam por construir aquela justiça exterior que mui acertadamente podia ser qualificada como deles próprios, uma vez que nem era operada pelo Espírito de Deus, nem era aprovada ou aceita por Ele. Eles podiam realizá-la por si mesmos, por sua própria energia natural; quando, porém, tinham feito isso, seu trabalho se tornou de mau odor a seu olfato. Confiando, todavia nisto, não quiseram “submeter-se à justiça de Deus.” Ainda mais: eles se rebelaram contra aquela fé, único meio pelo qual era possível obter a justiça. “Porque Cristo é o fim da lei para a justiça de todo aquele que crê.” Quando Cristo disse: “Tudo está consumado,” pôs fim à lei – à lei dos ritos e cerimônias externos, para que pudesse estabelecer uma justiça melhor através de seu sangue, pela oblação única de si mesmo, oferecida uma vez, assim como a imagem de Deus, no mais íntimo da alma de todo aquele que crê.

22. As palavras do apóstolo em sua Epístola aos Filipenses relacionam-se intimamente com este assunto: “Reputo todas as coisas como esterco, para que eu possa ganhar a Cristo” – obtenha uma entrada em seu reino eterno – “e possa ser achado nele,” crendo nele, “não tendo minha própria justiça, que é da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a justiça que é de Deus pela fé,” – “Não tendo minha própria justiça, que é da lei,” praticava, ao tempo em que esperava ser aceito por Deus porque eu era, “no tocante à justiça que é da lei, irrepreensível,” – mas a que é mediante a fé em Cristo, “a justiça que é de Deus pela fé,” a santidade de coração, a renovação da alma em todos os seus desejos, inclinações e afetos; “que é de Deus” (é obra de Deus e não do homem), “pela fé,” mediante a fé em Cristo, através da revelação de Jesus Cristo em nós, e pela fé em seu sangue, pelo qual recebemos, e só por Ele, a remissão de nossos pecados e herança entre os santos.

23. “Buscai primeiramente” esse “reino de Deus” em vossos corações; essa justiça, que é dom e obra de Deus, a imagem de Deus reavivada em nossas almas, “e todas aquelas coisas vos serão acrescentadas,” todas as coisas necessárias ao corpo, na medida que à vista de Deus concorram melhor para o progresso de seu reino. Serão acrescentadas – serão derramadas, por contrapeso. Buscando a paz e o amor de Deus, achareis não apenas o que procuráveis, isto é, o reino que não pode ser abalado, mas também o que não procuráveis – pelo menos por seu valor intrínseco, mas apenas em referência aos outros. Achareis, em vosso trânsito rumo ao reino, todas as coisas exteriores, na proporção de sua utilidade a vós. Tal cuidado Deus o tomou à sua conta: lançai-o, pois, sobre Ele. Ele conhece vossas necessidades, e, seja o que for que vos falte, Deus o suprirá.

24. “Não cuideis do dia de amanhã.” Não somente não vos angustieis acerca do modo de amontoar tesouros na terra, acerca do modo de crescer em propriedades terrenas: não andeis ansiosos quanto à maneira de reunir maior quantidade de mantimento do que sois capazes de consumir, ou vestuário em maior cópia do que vosso corpo possa ostentar, ou mais dinheiro do que é reclamado pelas despesas de cada dia, para os simples, razoáveis propósitos da vida, mas também não vos afadigueis pelas coisas que sejam mais inadiavelmente necessárias ao corpo. Não vos atormenteis desde já, pensando o que fareis em época ainda distante. Talvez jamais venham semelhantes épocas, ou, vindo, talvez já não tenham interesse para vós: antes de chegarem, já tereis talvez atravessado todas as vagas e apartado às regiões da eternidade. Todas as concepções visando a distância não pertencem a vós, que apenas sois criaturas de um dia. Que fareis, pergunto, do amanhã, mais estritamente falando? Por que estareis perplexos sem necessidade? Deus vos provê hoje do necessário ao sustento da vida que vos concedeu. Basta entregar-vos em suas mãos. Se viverdes mais um dia, Ele proverá também em vista desse novo dia.

25. Acima de tudo, não façais da preocupação do futuro um pretexto à negligência dos deveres presentes. Esta é a mais fatal maneira de “andar ansioso pelo dia de amanhã.” Quão freqüente é essa ânsia entre os homens! Muitos, quando os exortamos a que mantenham uma consciência isenta de pecado, a que se abstenham daquilo que é mau à luz de sua própria convicção, não têm escrúpulos de responder: “Como, então, podemos viver? Não devemos cuidar de nós mesmos e de nossas famílias?” Isto eles imaginam ser uma razão suficiente para que continuem em pecado público e deliberado. Dizem, e pensam talvez, que serviriam agora a Deus, desde que isto não os levasse a perder pouco a pouco o seu pão. Preparar-se-iam para a eternidade, mas temem que lhes falte o necessário à vida. Assim, servem ao demônio por uma côdea de pão; correm para o inferno por medo da miséria; arremessam para longe suas pobres almas com receio de que possam, um ou outro dia, tropeçar no necessário a seus corpos!

Não é para estranhar que os que usurpam a Deus o cuidado de os alimentar fiquem tão freqüentemente decepcionados em face das próprias coisas que eles buscavam; enquanto abrem mão do céu para assegurar a posse dos bens da terra, perdem, na verdade, um, mas não ganham o outro. O zeloso Deus, no curso sábio de sua Providência, freqüentemente permite isso. Assim aqueles que não põem seu cuidado em Deus e que, tornando-se ansiosos pelas coisas temporais, nenhuma importância dão às coisas eternas, acabam exatamente perdendo a porção que haviam escolhido. Há uma devastação bem visível em todos os seus empreendimentos; o que quer que façam não prospera, tanto que, após terem trocado a Deus pelo mundo, perdem tanto aquilo que buscavam como o que não buscavam: ficam em falta do reino de Deus e de sua justiça – e nem as outras coisas lhes são acrescentadas.

26. Ainda existe outro meio de “andar ansioso pelo dia de amanhã,” igualmente proibido nas palavras do texto. É possível andar ansioso de maneira errada, mesmo no tocante às coisas espirituais: andar tão preocupado a respeito do que pode ser adiado, a ponto de esquecer o que de nossas mãos é requerido de pronto. Como somos insensivelmente levados em tal corrente, se nos não mantemos continuamente velando em oração! Como somos facilmente levados por esse mal, como sobre uma espécie de sonhar acordado, projetando programas distantes e pintando formosas cenas em nossa imaginação! Pensamos, então, que faríamos o bem quando estivéssemos em tal lugar ou quando tal tempo viesse! Como seríamos úteis, quão fecundos em boas obras, quando mais amenas nos fossem as circunstâncias! Como intensamente serviríamos a Deus, quando de uma vez se removesse de nosso caminho tal ou qual obstáculo!

Talvez estás agora em abatimento de alma: Deus esconde sua face de ti. Vês pouco da luz de seu rosto: não podes experimentar uma afeição redentora. Em tal estado de mente, quão natural é que digas: “Como glorificarei a Deus, quando a luz de seu rosto se projetar de novo sobre minha alma! Como exortarei os outros a que o glorifiquem, logo seu amor se derrame em meu coração! Então farei grandes coisas; falarei acerca de Deus em toda parte; não me envergonharei do Evangelho de Cristo. Redimirei o tempo; usarei no máximo de todo talento que tenha recebido.” Não creias em ti. Não farás mais tarde aquilo que desde já não fazes. “O que é fiel no pouco,” de qualquer que seja sua espécie, seja de caráter mundano ou de temor e amor de Deus, “será fiel no muito.” Mas se agora enterras um talento, tu enterrarás cinco a seguir, isto é, enterrarás cinco se tantos te forem dados, mas é escassa a razão de esperar que tal aconteça. Na verdade, “àquele que tem,” isto é, que usa aquilo que tem, “será dado, e terá com abundância. Mas àquele que não tem,” isto é, que não usa a graça que recebeu, seja em grau maior ou menor, “será tirado até aquilo que parecia ter.”

27. Não cuides das tentações de amanhã. Este é também um laço perigoso. Não penses: “Quando tal tentação vier, que hei de fazer? Em que estado ficarei? Temo não possuir forças para resistir; não sou capaz de derrotar semelhante inimigo.” Em termos claros: não tens agora a força de que não necessitas de pronto. Não és capaz de derrotar neste instante aquele inimigo; e neste instante ele não te assaltará. Com a graça que agora tens, não poderias resistir às tentações que de presente não te atacam. Quando, porém, vier a tentação, virá também a graça. Nas provações maiores, maior será tua fortaleza. Quando sobram as dores, as consolações de Deus de algum modo superabundam. De modo que, em qualquer contingência, a graça de Deus te é suficiente. Ele não permite “sejas tentado” hoje “além de tuas forças;” e “em toda tentação Ele abrirá caminho à fuga.” “Como teus dias, assim tuas forças serão.”

28. “Deixa,” pois, “que cada dia cuide de si mesmo;” isto e, quando o dia de amanhã vier, pensa nele então. Vive hoje. Seja o teu cuidado mais sério a utilização da hora que passa. Esta é tua e inteiramente tua. O passado é tão vão como o pensamento de coisas que jamais tivessem existido. O futuro é nada para ti; ele não te pertence, e talvez nunca te pertencerá. Não há dependência do que ainda possa vir, porque tu “não sabes o que o dia possa trazer.” Portanto, vive hoje; não percas sequer uma hora; usa este momento, porque esta é a tua parte. “Quem conhece as coisas que foram antes dele, ou que virão depois dele debaixo do sol?” As gerações que eram desde o começo do mundo, agora onde estão elas? Passaram; tornaram-se esquecidas. Elas existiram; viveram seu dia; foram depois varridas da terra, como folhas caídas de velhas árvores: fundiram-se no pó comum! Outra e outra geração lhes sucederam; “estas seguiram os ancestrais, e jamais verão a luz.” Agora chegou tua vez na passagem sobre a terra: “Alegra-te, moço, nos dias de tua juventude!” Alegra-te sem perda de tempo, alegra-te, mas regozijando-te naquele “cujos anos não minguam.” Estejam teus olhos, feitos de simplicidade, postos naquele “em quem não há variação, nem sombra de mudança.” Dá-lhe teu coração desde já; descansa nele desde logo; sê desde o presente santo como Ele é Santo! Agarra-te sem perda de tempo à oportunidade bendita de fazer sua aceitável e perfeita vontade. Regozija-te agora em “suportar a perda de todas as coisas” para que assim possas “ganhar a Cristo.”

29. Sofre hoje, com prazer, por amor de seu nome, já que Ele permite venha este dia sobre ti. Mas não atentes para os sofrimentos de amanhã. “A cada dia basta o seu próprio mal.” Mal, dizemos, usando do vocabulário preferido pelo homem: se se tratar de vergonha ou miséria, pesar ou doença. Mas, na linguagem de Deus, tudo são bênçãos: são um bálsamo precioso, preparado pela sabedoria de Deus e distribuído variavelmente entre seus filhos, segundo as diversas enfermidades de suas almas. Ele dá cada dia o suficiente para cada dia, proporcionalmente à necessidade e à força do paciente. Se, todavia, antecipas a fadiga reservada para amanhã, experimentando-a desde hoje; se adicionas isto ao que te foi dado anteriormente, acumularás uma carga que excede às tuas forças. Tal conduta vem a ser o meio, não de curar, mas de destruir tua própria alma. Recebe, pois, exatamente aquilo que Ele hoje te concede; faze e acata hoje sua vontade! Entrega, hoje, a ti mesmo – teu corpo, alma e espírito –, a Deus, mediante Cristo Jesus, nada desejando senão que Deus seja glorificado em todo teu trabalho, em tudo que fizeres, em tudo que sofreres; nada buscando, senão conhecer a Deus e seu Filho Jesus Cristo, através do Eterno Espírito; nada ambicionando, senão amá-lo, servi-lo e gozá-lo nesta hora, e por toda a eternidade!

E, a “Deus o Pai, que me criou e a todo o mundo;” a “Deus o Filho, que me redimiu e a toda a humanidade;” a “Deus o Espírito Santo, que me santifica e a todo o povo eleito de Deus,” sejam honra e louvor, majestade e domínio, pelos séculos dos séculos! Amém.

Tradução: Nicodemos Nunes

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