sábado, 5 de dezembro de 2009

O período interbíblico

O período interbíblico
2Reis 17:24-41
Entre a última pagina do Antigo Testamento (Malaquias) e a primeiro do Novo há um espaço de 386 anos (arredondados para 400). Esse tempo de silêncio profético recebe o nome de período interbiblico.
Nessa fase, a História prosseguiu preparando o mundo para o advento de Jesus. Os judeus passaram por muitas transformações; seus costumes, leis e lingua mudaram bastante, de tal forma que, quando abrimos Mateus, temos um novo panorama. Por isso, nesta lição estaremos conhecendo os principais fatos ocorridos no periodo chamado interbiblico, e isso vai ajudar-nos a entender melhor o Novo Testamento.
I – Grandes mudanças na história
a) Dois novos impérios surgiram – O dominio persa perdurou até que os gregos (na verdade os macedônios) se levantassem militarmente para dominar todo o mundo antigo, formando um poderoso império. Assim, tudo o que estava sob o dominio dos persas passou para os macedônios, inclusive a Judéia.
É importante saber isso, porque, nessa fase, a cultura grega predominou. Um dos fatos significativos foi a tradução do Antigo Testamento diretamente do original hebraico para o grego. É a versão chamada Septuaginta, que preservou a integridade do Antigo Testamento.
Cansados de serem dominados por estrangeiros, os judeus se revoltaram e, por 100 anos, ficaram independentes. Mas, em 63 a.C., os romanos se sobrepõem ao império macedônio e conquistam Jerusalém. Os judeus, agora, ficam sob o dominio desse novo e poderoso império. Por isso, quando Jesus nasceu, são os romanos que estão dominando o mundo antigo.
II – Situação Social
a) Muitos estrangeiros na Palestina – A região norte de Israel era habitada por muitos povos trazidos de outras regiões pelos assirios. Como as tribos israelitas haviam sido levadas para o exílio, esses estrangeiros, originários de várias nações, 2Reis 17:24, ocuparam a terra Eles foram também vitimas do imperialismo assirio.
Essa mistura vai fazer surgir os samaritanos, nome que decorre de sua principal cidade, Samaria.
b) Miscigenação – Quando a Bíblia afirma que os israelitas foram levados cativos, 2Rs 17:6, é bom que se saiba que alguns foram deixados em sua própria terra. Isso pode facilmente ser percebido a partir da leitura dos versiculos 36 a 39 de 1Rs 7. Aos poucos, esses israelitas vieram a se unir, através de laços matrimoniais, com o povo que fora trazido para as cidades samaritanas. Embora os judeus lutassem contra isso, houve casamentos mistos e mistura religiosa.
Quando Esdras chegou a Jerusalém e descobriu que muitos judeus, inclusive sacerdotes, estavam casados com estrangeiras, Ed 9:1,2, ordenou que estes repudiassem suas esposas e filhos, Ed 10:3. Um desses sacerdotes era filho do sumo sacerdote e genro do samaritano Sambalate. Não querendo repudiar a esposa, foi afugentado de Jerusalém por Neemias 13:28.
c)Conflitos e oposição à restauração – Quando os judeus regressam à sua terra para restaurar o templo e a cidade de Jerusalém, surgiram vários atritos entre judeus e samaritanos que estavam ali instalados. Os samaritanos foram impedidos de participar da restauração do templo, Ed 4:2-5.
Os judeus não aceitaram a participação dos samaritanos e isso gerou varios conflitos Sentindo-se marginalizados, passaram a fazer toda sorte de oposição à obra dos judeus. Primeiro, tentaram desanimá-los, Ed 4:4,5, depois conseguiram paralisar a construção por varios anos, Ed 4:23,24. No tempo de Neemias, tentaram os mesmos artificios para impedir que os muros de Jerusalém fossem restaurados. Escarneceram dos judeus, Ne 4:1-3, e planejaram matar os construtores, Ne 4:11; 6:1-3. Neemias precisou estabelecer um sistema especial de vigilância contra os samaritanos, Ne 4:16-18.
III – Situação Religiosa
Os samaritanos desenvolveram uma religião semelhante ao judaismo, porém com os seguintes acrescimos:
a) Paganismo – Cada povo instalado em Samaria trouxe consigo seus próprios deuses, 2Rs 17:29-31. Assim o culto idólatra veio novamente contaminar a terra. Deus enviou feras para matar alguns deles, 2Rs 17:25. Para evitar que os samaritanos fossem destruidos, o rei da Assiria mandou vir um sacerdote, a fim de ensinar a Palavra de Deus àquele povo, 2Rs 17:27,28.
b) Um templo rival – Impedidos de adorar em Jerusalém, os samaritanos construiram um templo no Monte Gerizim e o genro de Sambalate foi investido na função de sumo sacerdote. Mas, em 130 a.C., o judeu João Hircano destruiu esse templo. Por isso, o ódio entre judeus e samaritanos atingiu seu auge. Ao tempo de Jesus, esses dois povos vizinhos, e até mesmo irmãos, nem se cumprimentavam, Lc 9:51-53; Jo 4:9; 19-20.
APLICAÇÃO
O período interbiblico preparou o mundo para o advento de Cristo. Costuma-se apontar a contribuição dos gregos, romanos e judeus para esse fato:
a) Os gregos contribuiram com sua cultura e lingua. A cultura reduziu a superstição e favoreceu o surgimento de um espirito critico, o que veio a facilitar a aceitação do evangelho. A lingua grega tornou-se internacional e permitiu a expansão do cristianismo.
b) Os romanos formaram um império e conseguiram sufocar os conflitos. Construiram estradas. Esses dois fatores facilitaram a ação dos missionários.
c) Os judeus contribuiram com a pregação do monoteísmo. Para isso, construiram sinagogas e mantiveram o espirito religioso. Sobretudo, havia a esperança de um Messias, que viria libertar Israel e restaurar o reino.
(EXTRAÍDO da revista de estudo bíblicos “ALELUIA”)

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